sábado, 28 de abril de 2012

A base para o galardão do crente é a promessa de Deus e não o mérito do homem (Martinho Lutero)

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O "galardão", referido em Mateus 5.12, é uma espécie de promessa. Uma promessa, entretanto, não prova que podemos fazer coisa alguma. Prova apenas que, se fizermos certas coisas, seremos galardoados. A questão é se realmente podemos fazer as coisas em razão das quais o galardão é dado. Alguns dizem: "O prêmio é posto perante todos os que correm, assim sendo, todos podem correr e obter o prêmio!" Não é essa uma lógica absurda? Poderia ser útil para alguns, se a noção do "livre- arbítrio" pudesse ser estabelecida por meio de tais argumentos!

Você procura argumentar que se Deus já decidiu tudo de antemão, então não podemos falar em galardões. Se quer dizer com isso que você não recompensaria quem trabalha com má vontade, eu estou de acordo. Porém, quando as pessoas praticam o bem ou o mal voluntariamente, então segue-se, com toda a justiça, o galardão ou a punição. Isso é verdade, mesmo quando as pessoas são incapazes de alterar a sua vontade por seus próprios esforços. Se, porém, só podemos desejar fazer o que é bom capacitados pela graça divina, daí é óbvio, que o mérito e o galardão provêem exclusivamente da graça divina.

Entretanto, não deveríamos falar sobre méritos hu­manos. Melhor é falar acerca das conseqüências daquilo que fazemos. Nada existe de bom ou de mal que não venha a receber sua devida retribuição. O inferno e o julgamento divino, certa e seguramente, esperam pelos ímpios. Da mesma forma, um reino por certo espera pelos piedosos, porque o mesmo foi preparado para eles por seu Pai celeste (Mt 25.34). Se tentarmos fazer o bem a fim de merecer receber o reino de Deus, haveremos de fracassar, mostrando assim que somos ímpios. Os filhos de Deus fazem o bem visando a glória de Deus, não alguma recompensa.

Por conseguinte, qual é o significado daquelas pas­sagens bíblicas que prometem o reino de Deus ou ameaçam com o inferno? (Gn 15.1; 2 Cr 15.7; Jó 34.11; Rm 2.7). Elas simplesmente mostram o resultado de uma vida boa ou de uma vida má. Seu propósito é instruir e alertar. Nada dizem a respeito de mérito, mas ensinam aquilo que devemos fazer, encorajando-nos a prosseguir até ao fim (Gn 15.1; 1 Co 15.58; 16.13). É como se quiséssemos consolar alguém, dizendo que o que ele está fazendo agrada a Deus, ou como se quiséssemos advertir a alguém, dizendo que o que ele está fazendo desagrada a Deus.

Mesmo assim, você argumenta: "Por que Deus importa-se em dizer-nos essas coisas, quando todas elas já foram determinadas de antemão?" A resposta é que Deus produz em nós o seu propósito por intermédio da sua Palavra. O Senhor poderia fazer essas coisas sem a sua Palavra; to­davia, agradou-Lhe fazer de nós seus cooperadores. Portanto, Ele nos diz essas coisas em sua Palavra, a fim de envolver-nos em seu plano. Por conseguinte, vemos que Deus realiza em nós a sua vontade, e também nos apresenta a sua Palavra, com o intuito de dizer ao mundo inteiro quais os fatos a respeito dos galardões e das punições, a fim de que o seu poder e a sua glória, bem como a nossa debilidade e impiedade, sejam proclamadas por todo o mundo. E essas verdades, que tantos desprezam, serão recebidas pelos corações dos piedosos.




Extraído do livro: "Nascido Escravo" da Editora Fiel