sexta-feira, 5 de agosto de 2011

O efeito-borboleta, o determinismo e a viagem no tempo (parte 05 de 05)

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Certo, agora que apresentei os 3 pontos que formam o título da postagem, pretendo tentar harmonizá-los.. Lembrando que apesar de eu mencionar esses 3 conceitos e suas definições, somente algumas partes desses conceitos me interessam nessa explicação, portanto vou simplificar o que cada item representará daqui pra frente:


Efeito-borboleta: Teoria que sugere que todas as coisas estão interligadas e interagem entre si, de tal forma que ações ou comportamentos de uma afetará às outras.

Determinismo: Teoria que elimina a idéia de "acaso", sugerindo que os comportamentos e ações dos seres estão ligados a uma "pré-programação" ou tendência. Nesse caso podemos considerar a possibilidade de "determinismo parcial" (que sugere que algumas coisas realmente acontecem aleatoriamente) ou  de "determinismo pleno" (que sugere que TUDO está sujeito a essa determinação).

Viagem no tempo: Teoria de possibilidade de "locomoção" entre diferentes épocas da história, sejam no passado concretizado ou no futuro esperado. Nesse caso a dúvida seria sobre a existência de apenas uma "linha de espaço-tempo" ou diferentes "universos paralelos", além do próprio fato do futuro já existir ou estar ainda em construção..


Pronto!! Agora podemos seguir..


Se existe mesmo esse "efeito-borboleta", então supõe-se que, com suas atitudes, todos os seres de alguma forma definem tanto seus próprios destinos quanto os de todos os esses outros seres..

Não entendeu?? Vamos de novo..

Se a mãe do Juquinha fizer uma escolha e decidir que ele vai à escola hoje, então cobrador do ônibus que ele utiliza precisará contar o troco do dinheiro que ele entregará.. Do contrário (se ela decidir que ele não vai), o cobrador não precisará contar e devolver o troco do Juquinha, e o próprio Juquinha não precisará ir à escola..

Ou seja, um único ser (mãe do Juquinha) tomou uma decisão que afetou de alguma forma outros 2 seres (Juquinha e o cobrador)..


Claro que esse é um exemplo extremamente simplista, mas com algum esforço podemos ver que a cada decisão desses 3 seres, eles e/ou outros seres acabarão sendo afetados de alguma forma..


Citando outro exemplo, se um líder religioso pregar uma doutrina mentirosa, estará guiando muitas pessoas por um caminho errado, logo, a escolha dele afetará os "passos" e as próprias convicções de outros tantos seres..

Isso é pra mim uma forma simples de comprovar a existência desse conceito de efeito-borboleta, já que de alguma forma todos os seres são como elos de uma corrente, então as ações de cada elo de alguma forma influencia toda a corrente (mesmo que minimamente), sendo que os elos mais "próximos" SEMPRE serão influenciados..


Certo, mas se são as decisões dessas pessoas que definem os destinos delas e dos outros que as cercam, então como conciliar isso com a idéia do determinismo??

Bom, partindo-se de um pressuposto básico e óbvio de que há um Criador do universo, é justamente o "efeito-borboleta" que me faz crer no determinismo pleno..

Mas antes disso ainda é necessário o entendimento de como funcionam as decisões humanas, e aí vou apresentar minha opinião sobre isso..


Como eu disse, eu não tenho dúvidas de que somos capazes de tomar decisões (não sou tão doido a ponto de discordar disso), meu único problema é com a ideia de que essas escolhas sejam "livres"..

Não pretendo entrar no mérito do "livre-arbítrio", pois já toquei nessa tecla inúmeras vezes aqui no blog (tendo plena convicção de que isso não existe), mas preciso dizer sobre as ressalvas no entendimento do que é a "livre-agência". Vamos analisar essa definição:
Existe no homem uma capacidade tal que lhe dá condições de fazer escolhas, de acordo com o que lhe é agradável. O homem sempre e em qualquer condição, faz as suas escolhas, de tal forma que ele é responsabilizado por elas. “Essa capacidade ou aptidão é um aspecto inalienável da natureza humana normal”. Ele é livre para escolher o que lhe agrada, de acordo com suas inclinações. 

Eu até acho bem aceitável a ideia, porém esbarro na concepção de "livre"..
Na própria definição acima podemos ver que "(o homem) é livre para escolher o que lhe agrada, de acordo com suas inclinações", ou seja, essa capacidade de escolha humana é condicionada à sua vontade, portanto não é tão livre assim.. 

Digo isso porque a meu ver a vontade humana é totalmente manipulada..

Sim, basta observar como construímos nossa personalidade e não há como negar que existem inúmeros fatores influenciadores e que não estão sob nosso controle..

Por exemplo, ninguém escolhe o lugar onde nasce, as características físicas e genéticas que tem, a família que tem, a condição financeira da família onde está inserido, as crenças dos pais e parentes, etc.. E é fato que todas as coisas influenciam diretamente na formação das nossas personalidades..

O fato de nascer em um país livre ou onde há repressão, em uma família agressiva ou pacífica, religiosa extremista ou não, rica ou pobre, além do fator genético que também é decisivo e não depende de nós; com certeza vai levar a pessoa a formar suas opiniões de forma positiva ou negativa em relação a tudo que a cerca..

E nossas decisões e vontades dependem diretamente daquilo que conhecemos, senão o próprio julgamento se torna impossível.. Então para que as nossas escolhas fossem realmente livres não poderíamos ser influenciados por nada em nossa vida toda e ao mesmo tempo ter o devido conhecimento de todas as coisas..

Quero dizer, se eu decido comer uma torta de limão, é porque eu gosto de torta de limão, por ter provado e aprovado anteriormente.. Mas e se eu nunca tivesse comido torta de limão, como eu poderia gostar de torta de limão??? =P


Aí você pode dizer: "É, mas um dia você escolheu provar uma torta de limão e por isso gostou.."

Tá, mas e se eu nunca tivesse acesso a uma torta de limão, como eu poderia escolher prová-la e aí gostar de comê-la??

E se eu nascesse sem língua ou na Etiópia.. Minhas chances seriam quase nulas, não?? E esses fatores não dependeriam em nada de escolhas minhas..

Sendo assim, existe liberdade de escolha no sentido de que as escolhas são voluntárias, mas isso não liberta o homem das influências internas e externas.


Agora voltando ao conceito de efeito-borboleta, se "uma coisa leva à outra" então o fator inicial é determinante para todo o "sistema"..

Mas ainda assim abre-se a possibilidade lógica de se pensar em uma mistura de casos aleatórios e fatos determinados.. Quer dizer, como se algumas coisas fossem causadas pela Vontade decretiva de Deus e outras fossem meramente "aceitas" pela Vontade permissiva..

Eu não acredito nisso porque se a pessoa tem vontades que vem dela mesma sem qualquer influência, de onde viriam essas características "particulares" se não da própria Vontade de Deus?? 

A única possibilidade que eu imagino seria se Deus criasse uma "aleatoriedade cósmica" em que cada alma já é previamente dotada de características únicas que Ele não tem acesso.. E isso pra mim é impossível me baseando principalmente nesse texto:

A sorte se lança no regaço, mas do SENHOR procede toda a determinação.
Provérbios 16:33


Não acredito que existe uma "aleatoriedade" no universo e que Deus está apenas acima dela "gerenciando as conseqüências", mas sim que cada coisa atua especificamente conforme o propósito para a qual foi criada.

Além disso, como poderíamos considerar o versículo a seguir dentro de um contexto de aleatoriedade??
E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.
Romanos 8:28


Como todas as coisas podem contruibuir para o bem daqueles que amam a Deus se todas as coisas não estiverem sob o controle absoluto de Deus??


Portanto, eu acredito que esses fatores todos foram definidos por Deus para cada pessoa, e que servem para determinar o caminho que essa pessoa trilhará durante sua vida..

Desta forma, ela tem a "liberdade" (condicionada) de escolha, mas cumpre perfeitamente o propósito de Deus. Ela não poderá fazer nada além do que ela queira/saiba fazer, e portanto somente fará aquilo que em seu tempo de existência foi condicionada a fazer, independentemente de quais fatores a levaram a isso..

Então se unem os conceitos de efeito-borboleta e determinismo, porque a partir do ponto que Deus definiu alguns fatores no início de nossas vidas, todo o resto acaba sendo conseqüência disso, considerando também a interação com os outros seres desse "sistema".. Logo se tem um sistema condicionado às experiências vividas, e nunca poderemos fazer algo que fuja àquilo que tendenciosamente fazemos (até porque não sabemos o que seria isso)..


E onde entra a viagem no tempo??

Bom, eu diria que a viagem do tempo seria a maneira mais eficaz de comprovar se a minha teoria está certa ou não.. rs

Mas mais que isso.. Se fosse possível uma viagem ao futuro, comprovaríamos se o futuro está mesmo sendo escrito ou se é uma realidade paralela.. E no caso de uma viagem ao passado, ao alterarmos certos fatores poderíamos verificar se o presente e o futuro estão realmente ligados a ele..

Resumidamente, a viagem no tempo talvez seria a única maneira de eliminar o determinismo, pois se tivéssemos essa capacidade então toda a história poderia ser modificada incontáveis vezes, e a idéia determinista então cairia por terra..

Atualmente eu não consigo conciliar a idéia das coisas sendo alteradas (e com isso vários paradoxos surgiriam) e Deus ainda assim estar no controle absoluto de todas as coisas, mas pode ser que seja culpa da minha mente limitada.. rs

Enfim, aguardemos pelo futuro para vermos o que há pela frente..


Obs.: Por enquanto é isso, mas é bem provável que um dia eu faça mais uma(s) parte(s) para essa postagem.. ;)