terça-feira, 14 de maio de 2013

Por quem Cristo morreu? (Rev. Angus Stewart) - parte 02 de 04

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Extraído de: Bereianos

8. Cristo Realmente Morreu por Outros Indivíduos e Grupos Réprobos?

Se o Senhor morreu por absolutamente todos, Ele deve ter morrido tanto por Caim quanto por Abel; tanto por Ninrode quanto por Noé; tanto por Jezabel quanto por Elias. É válido o mesmo para as nações. Cristo deve ter resgatado não apenas Israel, mas também os amalequitas, contra quem Deus jurou lutar por gerações (v. Êx 17v14-16); os amorreus, incluindo Siom cujo coração Jeová tornou obstinado para que pudesse destruí-lo (v. Dt 2v30); os cananeus, a quem Deus endureceu para que fossem a batalha contra Israel, a fim de serem exterminados (v. Js 11v20); os filisteus, incluindo Golias; bem como os sodomitas homossexuais, sobre quem o Altíssimo fez chover fogo e enxofre (v. Gn 19v24) e os edomitas, os quais Ele odiou e arruinou (v. Ml 1v2-5).

O Filho encarnado deve até mesmo ter Se oferecido em sacrifício pelo Faraó, a quem Deus levantou para mostrar o Seu poder afogando-o (v. Êx 9v16, Rm 9v17), e os egípcios a quem Ele aniquilou no Mar Vermelho (v. Ex 14v26-28), embora nenhum suporte tenha sido oferecido pela aplicação do sangue do cordeiro nos umbrais de suas portas (v. Êx 12).

9. Cristo Morreu Pelo Seu Povo, Amigos etc.

A verdade é que Jesus Cristo morreu por Seu "povo" (v. Mt 1v21, Hb 2v17) e Seus "amigos" (v15v13-14). O "povo" a quem Ele redimiu são descritos como "Sua prole" (v. Is 53v10) e não a descendência da serpente (v. Gn 3v15); Seus "filhos" e "irmãos" (v. Hb 2v10-14) e não os "bastardos" [2], ou seja, ilegítimos (v. Hb 12v8); Suas "ovelhas" (v. Jo 10v11, 15) e não "os bodes" (v. Mt 25v33); Sua "igreja" (v. At 20v28, Ef 5v25), e não a "sinagoga de Satanás" (v. Ap 2v9, 3v9), e "muitos" (v. Is 53v11-12, Mt 20v28, 26v28, Mc 14v24, Hb 9v28) e não todos, cabeça por cabeça.

10. A Verdade da Trindade Exclui a Expiação Universal.

O ensino ortodoxo da santa Trindade milita contra a idéia de que Cristo morreu por todos, cabeça por cabeça. O Pai escolheu salvar somente os eleitos e não os réprobos (v. Rm 9v6-24, Ef 1v3-6), o Espírito aplica a redenção aos eleitos somente e não aos réprobos (v. Rm 8v1-27, Ef 1v13-14), mas o Filho "supostamente" morreu tanto pelos eleitos quanto pelos réprobos. Assim, há uma desconexão radical entre a extensão da obra salvífica do Pai e do Espírito - eleger mas não reprovar - e da extensão da obra salvífica do Filho - eleger e reprovar. Mas aonde está então a unidade entre as três Pessoas da Divindade? Eles não estão de acordo e nem possuem o mesmo propósito. Na verdade, uma pessoa da Trindade - o Filho - está trabalhando com uma finalidade - a salvação dos réprobos - não compartilhada pelas outras duas pessoas - o Pai e o Espírito. O Pai elege o Seu povo para ser redimido, o Espírito aplica a redenção no mesmo povo eleito, mas o Filho - "supostamente" - morre para redimir alguns que o Pai escolheu não redimir, e alguns a quem o Espírito não deseja aplicar a redenção.

Assim, o ensino da expiação universal é proibido pela doutrina ortodoxa da Santa Trindade e contraria declarações escriturísticas sobre a unidade da extensão da obra salvífica do Pai e do Filho (v. Jo 10v15-17, Rm 3v25-26, 2 Co 5v18-19, Ef 1v4-7); do Filho e do Espírito (v. Gl 4v4-6, Hb 9v14), e do Pai, do Filho e do Espírito (v. Is 59v20-21, Ef 1v3-14, 2 Ts 2v13-14, Tt 3v4-6, 1 Pd 1v2, Ap 1v4-6).

11. Os Sacrifícios do Velho Testamento Não eram Universais.

A Escritura, especialmente o livro de Hebreus, deixa bem claro que os sacrifícios do Antigo Testamento eram símbolos e sombras da morte do nosso grande Sumo Sacerdote na cruz. Se o Cordeiro de Deus se ofereceu pelos pecados de todos, então era de se esperar que isso fosse refletido no sistema sacrificial. Levítico, do capítulo 1 ao 7, é a passagem central sobre os sacrifícios da lei mosaica, fala do holocausto, da oferta de cereais, da oferta de paz, da oferta pelo pecado e da oferta pela culpa. Esses sacrifícios são sempre particulares, em favor de Israel - a Igreja (v. Lv 1v2; 4v13; 7v36, 38), e em nenhum lugar nós lemos sobre a expiação universal, uma oferta por todos os judeus e gentios.

Da mesma forma, no Dia da Expiação, o sumo sacerdote fazia expiação pelos israelitas e não pelos moabitas ou jebuseus (v. Lv 16v16, 17, 19, 21, 34). Além disso, o sumo sacerdote trazia "os nomes[das doze tribos] dos filhos de Israel" - não os nomes dos filhos de Esaú - no peitoral "sobre o seu coração, quando [entrava] na presença do Senhor" expressando seu trabalho representativo e intercessório por eles (v. Êx 28v29, 30).

Para que não seja dito que os sacrifícios do Antigo Testamento falam de expiação por cada membro da nação de Israel, lembramos do fato de que "nem todos os descendentes de Israel são Israel" - v. Rm 9v6 - e que o verdadeiro judeu não é um circuncidado na carne, mas um circuncidado no espírito (v. Rm 2v28, 29). Nosso Senhor derramou Seu sangue pelo verdadeiro Israel e os símbolos do Antigo Testamento apontam para a redenção do "Israel de Deus" espiritual que é composto pelos eleitos judeus e gentios (v. Gl 6v16).

12. A Morte de Cristo Verdadeiramente Expia.

A expiação universal é negada pela apresentação bíblica do sacrifício de Cristo como uma obra que verdadeiramente expia e apaga o pecado. O Filho de Deus nos libertou do reino do diabo (v. Hb 2v14-15). Ele apaziguou a ira de Deus contra nós suportando a justa indignação de Deus contra os nossos pecados (v. 1 Jo 4v10). Ele nos reconciliou (v. Rm 5v10), nos redimiu (v. Gl 3v13) e nos resgatou (v. Mt 20v28).

A Escritura não ensina que Cristo simplesmente fez a expiação possível através de Sua morte. Em nenhum lugar isso é dito. A Bíblia ensina que Jesus realmente nos libertou, reconciliou, redimiu e resgatou por Sua cruz. Ele não somente tornou possível a todos os homens serem libertos, reconciliados, redimidos e resgatados. Sobre a cruz, o Messias afastou a ira punitiva de Deus contra nós, para sempre. Não é verdade que a ira de Jeová é só potencialmente afastada de todos os homens, para que todos possam ser salvos, se eles, por um ato de seu "livre arbítrio", escolherem Jesus. Esta visão faria com que a entrada no reino de Deus dependesse da decisão do homem e não da eleição de Deus!

Se o Filho de Deus pagou o preço por todos os homens, contudo alguns homens perecem no inferno, então Sua cruz não salva todos em favor de quem ela foi preparada. Então ela também não é substitutiva, pois se Ele suportou - em seu lugar - o castigo dos réprobos, por que eles perecem? Se alguns por quem Cristo morreu acabam no inferno, então Deus puniu seus pecados duas vezes, um vez no Senhor Jesus e uma vez neles. Como poderia o Deus infinitamente justo exigir o pagamento pelos pecados duas vezes? Como Ele poderia exigir a punição do pecador no inferno quando o pagamento pelos seus pecados já foi feito por Jesus? E como pode alguns dos quais o Salvador libertou, reconciliou, redimiu e resgatou habitarem para sempre, como inimigos de Deus, na escuridão eterna do abismo sem fim do inferno? Lembre-se, nenhuma condenação há para aqueles por quem Cristo morreu (v. Rm 8v34)!

A ideia de que o Filho de Deus derramou Seu sangue por todos é tão distante, que a sua morte é na verdade "o julgamento deste mundo", pois é a expulsão de Satanás "o príncipe deste mundo" - Jo 12v31 - trazendo destruição sobre o diabo e sua "descendência" - Gn 3v15.



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Nota:

[2] - Versão de Almeida, Revista e Corrigida.