quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Hierarquia, submissão e a vida cristã (parte 02 de 03)

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Pais e Filhos

Essa relação exige uma análise bastante minuciosa, tendo em vista os próprios exemplos bíblicos numerosos e os princípios envolvidos, mas aqui tentarei resumir isso focando nas funções de submissão e de autoridade.

Sabemos que um dos Mandamentos é justamente sobre o dever dos filhos de honrar seus pais, e que esse é o único dos 10 Mandamentos que acompanha uma promessa a quem o segue (Êxodo 20:12).

Vejamos o texto paralelo em Efésios:
Filhos, obedeçam a seus pais no Senhor, pois isso é justo. "Honra teu pai e tua mãe", este é o primeiro mandamento com promessa: "para que tudo te corra bem e tenhas longa vida sobre a terra". 
Pais, não irritem seus filhos; antes criem-nos segundo a instrução e o conselho do Senhor.
(Efésios 6:1-4)
Os textos são muito semelhantes em relação às instruções, e neste de Efésios vemos uma citação direta ao 5º Mandamento, conforme mencionei acima.
Além disso ele aponta outro fator importante, que é a obediência dos filhos no Senhor, assim como a criação segundo a instrução e o conselho do Senhor.

Aqui vemos claramente que os filhos devem obediência aos pais DESDE QUE ao obedecê-los não estejam desobedecendo a Deus. E por sua vez os pais tem a OBRIGAÇÃO de educá-los conforme os preceitos divinos e não segundo suas próprias ideologias.

No livro de Provérbios encontramos muitas instruções tantos aos pais quanto aos filhos, reforçando tanto a obrigação dos pais quanto a dos filhos. Como por exemplo: Provérbios 1:8Provérbios 10:1Provérbios 13:24Provérbios 19:18Provérbios 20:7; Provérbios 22:6Provérbios 22:15Provérbios 23:24Provérbios 29:15Provérbios 29:17.
Esses textos confirmam aquilo que o Mandamento promete (o benefício dos filhos em obedecerem aos seus pais), além de mostrar que os pais devem educar seus filhos e discipliná-los, corrigindo-os em amor sempre que erram e se preciso com punição física.

Na Lei vemos que a desobediência por parte dos filhos é algo tão grave que podia causar a morte daqueles que insistiam na rebelião:
Se um homem tiver um filho obstinado e rebelde que não obedece a seu pai nem à sua mãe e não os escuta quando o disciplinam, o pai e a mãe o levarão aos líderes da sua comunidade, à porta da cidade, e dirão aos líderes: "Este nosso filho é obstinado e rebelde. Não nos obedece! É devasso e vive bêbado". Então todos os homens da cidade o apedrejarão até à morte. Eliminem o mal do meio de vocês. Todo o Israel saberá disso e temerá.
(Deuteronômio 21:18-21)

Quando Jesus Cristo condenou a hipocrisia dos fariseus e mestres da lei - ao substituírem os ensinos da Lei por tradições inventadas e com isso "abonarem" o desamparo que alguns tinham em relação aos pais -, Ele fez referência ao 5º Mandamento e a Êxodo 21:17:
Respondeu Jesus: "E por que vocês transgridem o mandamento de Deus por causa da tradição de vocês? Pois Deus disse: ‘Honra teu pai e tua mãe’ e ‘quem amaldiçoar seu pai ou sua mãe terá que ser executado’.

(Mateus 15:3-4)

É evidente a gravidade da obstinação em relação aos pais, a ponto de um filho que rejeita continuamente a disciplina ser condenado à morte, assim como aquele que amaldiçoa os próprios pais.
O texto de Deuteronômio deixa claro que o filho rebelde é um adulto irresponsável (devasso e beberrão) e que os pais devem cumprir seu papel de disciplinar antes de entregá-lo à condenação caso ele persista na rebeldia.

Na nossa sociedade tem se tornado cada vez mais difícil garantir a "saúde" da relação entre pais e filhos, já que o Estado tenta usurpar cada vez mais a autoridade dos pais e se tornar o educador e disciplinador das crianças e jovens, com leis perversas que não permitem aos pais exercer a disciplina conforme Deus ordena. Isso gera uma inversão de valores em que os filhos são privilegiados em relação aos pais, e a aplicação de uma punição como aquela do texto de Deuteronômio, dada por Deus, é vista como uma monstruosidade.

Mas sobre o Estado eu deixarei para falar no final..


Além da obrigação dos pais de educar, cabe a eles também sustentar esses filhos amorosamente (Mateus 7:9-11) até que esses filhos tenham a capacitação para fazerem isso por si mesmos (2 Tessalonicenses 3:10). Mais do que isso, os pais devem visar deixar seu legado e bens como herança aos filhos (Provérbios 13:22; Provérbios 19:14), porém se futuramente esses pais passarem por dificuldades financeiras é dever dos filhos sustentá-los (1 Timóteo 5:8). Ou seja, a prioridade no auxílio aos necessitados deve ser dos "de casa" (sejam pai e/ou mãe que precise ou filhos em sua fase de dependência).


Por fim, o maior exemplo que temos na relação entre Pai e Filho está na própria Trindade. É a nossa referência de uma forma geral.
No ministério de Cristo vemos com clareza que Ele em tudo desejou e praticou a obediência plena ao Pai. E lemos sobre o amor do Pai e Seu deleite em relação ao Filho. Esse é o modelo perfeito do relacionamento entre Pai e Filho.



Maridos e Esposas

Por último nessa análise, mas como prioridade no texto bíblico, está a relação entre maridos e esposas. Essa forma de relacionamento foi a primeira em toda a história da humanidade (Gênesis 3:20).

No texto de Colossenses o apóstolo Paulo foi mais "econômico" nas instruções, mas no texto de Efésios ele diz:
Mulheressujeitem-se a seus maridos, como ao Senhor, pois o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da igreja, que é o seu corpo, do qual ele é o Salvador.Assim como a igreja está sujeita a Cristo, também as mulheres estejam em tudo sujeitas a seus maridos.  
Maridosamem suas mulheres, assim como Cristo amou a igreja e entregou-se a si mesmo por ela para santificá-la, tendo-a purificado pelo lavar da água mediante a palavra, e apresentá-la a si mesmo como igreja gloriosa, sem mancha nem ruga ou coisa semelhante, mas santa e inculpável. 
Da mesma forma, os maridos devem amar as suas mulheres como a seus próprios corpos. Quem ama sua mulher, ama a si mesmo. Além do mais, ninguém jamais odiou o seu próprio corpo, antes o alimenta e dele cuida, como também Cristo faz com a igreja, pois somos membros do seu corpo.
"Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e os dois se tornarão uma só carne".
Este é um mistério profundo; refiro-me, porém, a Cristo e à igreja. 
(Efésios 5:22-32)

Não há como termos qualquer dúvida que o ensino bíblico apresenta a ideia de complementarismo e não de igualitarismo. Ou seja, homem e mulher tem o mesmo valor perante Deus, mas seus papéis na relação não são iguais, eles se complementam
Talvez o texto que deixa isso mais claro seja o da própria criação da mulher:
Então o Senhor Deus declarou: "Não é bom que o homem esteja só; farei para ele alguém que o auxilie e lhe corresponda".
(Gênesis 2:18)
A ideia aqui não é de "disputa" e sim de auxílio. 
Disse então o homem: "Esta, sim, é osso dos meus ossos e carne da minha carne! Ela será chamada mulher, porque do homem foi tirada".
(Gênesis 2:23)
Diferentemente dos animais já criados, a mulher correspondia ao homem, por ter uma mesma natureza dele. Ela não era igual a ele senão seria outro homem, e foi chamada de "mulher" porque era diferente apesar de correspondente. Apesar de proceder do homem, a mulher foi criada para ser uma auxiliadora que o completava.

Na 1ª carta aos Coríntios Paulo cita esse fato da ordem da criação, e o faz para falar sobre a hierarquia na relação:

O homem não deve cobrir a cabeça, visto que ele é imagem e glória de Deus; mas a mulher é glória do homem.
Pois o homem não se originou da mulher, mas a mulher do homem; além disso, o homem não foi criado por causa da mulher, mas a mulher por causa do homem.
(1 Coríntios 11:7-9)
Esse trecho poderia passar uma ideia errada sobre a relação, como se houvesse uma superioridade masculina, porém logo em seguida ele mostra a inter-dependência dos gêneros:

No Senhor, todavia, a mulher não é independente do homem, nem o homem independente da mulher.
Pois, assim como a mulher proveio do homem, também o homem nasce da mulher. Mas tudo provém de Deus.
(1 Coríntios 11:11-12)
Assim sendo, a ideia de complementarismo fica mais uma vez evidente. Além do que existe a dependência mútua entre eles e de ambos em relação a DEUS.

Nessa relação o cabeça (que tem a autoridade, e com isso a responsabilidade) é o homem, e a mulher deve se sujeitar a ele. Essa submissão é justificada na ordem de criação (a mulher foi criada por causa do homem), o que reforça a ideia de complementarismo.

Atualmente creio que essa relação é aquela em que a noção de hierarquia tem sido mais rejeitada. Todos nós que defendemos esses princípios bíblicos somos considerados antiquados, retrógrados, quadrados, etc.. Mais o mais triste não é o ataque natural que vem do mundo, e sim o fato de que muitos ditos cristãos abandonam o que é claro nas Escrituras por conveniência, e ignoram as diferenças de papeis, distorcendo a estrutura dessa relação.

Tanto no texto de Colossenses, como nos demais há a instrução clara da hierarquia e obrigações envolvidas, sendo que no texto de I Coríntios há um argumento explicando o motivo (a ordem de criação) e no texto de Efésios é apresentada a referência (a base em que se deve espelhar) para essa relação, que é a relação entre Cristo e a Igreja.

As obrigações de marido e esposa devem ser inspiradas nessa relação, olhando para Cristo. Ou seja, a mulher deve se submeter ao marido tendo em vista que assim como Cristo é o cabeça da Igreja, o marido é o cabeça na relação. E por sua vez o marido deve amar sua esposa assim como Cristo amou a Cristo, a ponto de dar a própria vida por ela.

Essa submissão feminina não se refere a ser uma "escrava" do marido e não ter qualquer "voz" na relação, mas simplesmente que a decisão final sobre qualquer questão deve ser definida pelo marido. Quando há discordâncias deve haver muito diálogo e oração, e se a discordância prosseguir a decisão exige urgência então o que o marido decidir deve ser feito.
Isso pode ser mal-visto pelas mulheres, mas talvez estejam ignorando que essa autoridade traz consigo a responsabilidade. É o homem que responde por sua família, como vemos logo após o primeiro pecado:
Ouvindo o homem e sua mulher os passos do Senhor Deus que andava pelo jardim quando soprava a brisa do dia, esconderam-se da presença do Senhor Deus entre as árvores do jardim. Mas o Senhor Deus chamou o homem, perguntando: "Onde está você? "

(Gênesis 3:8-9)
Sendo o cabeça, Adão era o responsável. Por mais que tenha tentado culpar Eva (e esta por sua vez jogado a culpa na serpente), Deus puniu a cada um individualmente e amaldiçou toda a terra porque o homem preferiu ouvir à mulher ao invés de a Deus (Gênesis 3:17-19). 
Cada um recebeu a devida punição conforme seu ato, mas toda a criação sofreu a consequência pelo pecado de Adão, enquanto cabeça.

Nessa relação, a referência tanto do homem quanto da mulher devem ser Cristo. No caso do homem por Ele ser o cabeça da Igreja como eu expliquei acima, enquanto que a mulher deve se inspirar na submissão de Jesus em relação ao Pai (Filipenses 2:8; Romanos 5:19; Hebreus 5:8).


Mas por que devemos encarar essa relação com a principal em relação às anteriores??

A seguir..