terça-feira, 29 de janeiro de 2019

A bíblia me permite ter uma arma??

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Esse é um daqueles temas recorrentes e cheio de opiniões divergentes, das quais, infelizmente, muitas são de cristãos desinformados.
Neste blog já postei algumas vezes sobre isso, mas nesta postagem em específico pretendo trazer respostas bíblicas para algumas objeções comuns e ressaltar alguns pontos levantados pelo pastor Douglas Wilson no seu artigo: Gun Ownership As Civic Virtue (Posse de Arma como Virtude Cívica).

O titulo desse artigo é polêmico, e o autor inicia o texto justamente justificando essa afirmação, resumidamente afirmando que não ter uma arma não é um pecado, mas que tê-la e usá-la corretamente é uma virtude. Para maiores detalhes quanto a isso, sugiro a leitura do artigo (em inglês).

Mas o que de fato me interessa nessa análise é tomar o que a Escritura nos diz sobre a posse de arma, e o autor nos ajuda quanto a isso, mostrando que os "desarmamentistas" erram em ao menos 3 aspectos ao tentarem assumirem que a Escritura os apoia. Segundo ele:
Existem três argumentos básicos aqui. Há um erro teológico da parte daqueles que tirariam nossas armas de nós. Em segundo lugar, há um erro exegético - uma falha em ver que a Bíblia deixa explícito o espaço para autodefesa. E terceiro, a própria natureza nos ensina que a autodefesa é a prerrogativa de toda criatura.

O erro teológico se refere à tentação constante de nos esquivarmos da responsabilidade, a ponto colocar a culpa de nossos pecados em objetos inanimados:
Culpamos o álcool pela embriaguez, computadores pela pornografia, carros por um estilo de vida frenético, ouro pela avareza e as armas pelo crime. Mas as coisas não nos fazem pecar - o pecado procura ingredientes para acontecer, e sempre encontrará. Quando Caim assassinou seu irmão, não foi impedido pela ausência de armas. O material para pecar está sempre preparado ao alcance, e uma parte central do nosso pecado está apontando para longe de nós mesmos. Todo político que pede controle de armas é (em princípio) um herege pelagiano.
Em segundo lugar, há as considerações exegéticas. Vejamos referências no Antigo e no Novo Testamentos. 


No Antigo Testamento:

Se o ladrão que for pego arrombando for ferido e morrer, quem o feriu não será culpado de homicídio,
(Êxodo 22:2)
Fica claro que, perante a Lei de Deus, o dono da casa deveria ser inocentado caso ferisse e matasse um invasor. No versículo seguinte, porém, encontramos uma condição:
mas se isso acontecer depois do nascer do sol, será culpado de homicídio. Um ladrão terá que restituir o que roubou, mas se não tiver nada, será vendido para pagar o roubo.
(Êxodo 22:3)
Aqui percebemos que se o crime tiver ocorrido durante o dia, a pena era outra. O ladrão deveria restituir o que roubou (mesmo que tivesse que trabalhar à força para conseguir o valor total), mas se o dono da casa resolvesse matá-lo seria condenado por homicídio.

Nesse caso, a menção ao sol não é um capricho, há alguns princípios a serem considerados e ao menos 2 interpretações:
1) Lembrando que o contexto da lei envolve casas sem energia elétrica, o princípio aqui se refere à capacidade de identificar qual a intenção do agressor. Durante o dia, o dono da casa facilmente poderia ver o agressor e saber que tipo de risco ele fornecia (se estava armado e com que tipo de arma), logo, poderia escapar ou se defender à altura (e proporcionalmente), a ponto de neutralizar a ameaça. 
2) Uma segunda interpretação diria respeito ao ataque do dono da casa não ser vingativo. A ideia aqui é que ele deveria ser absolvido caso atacasse o invasor enquanto este estava em ação (à noite) e não depois (saído o sol). Ou seja, o dono da casa não deveria ir atrás do invasor e matá-lo, pois o bandido não deveria ser condenado à morte e sim a restituir o que roubou.

Acredito que as 2 interpretações são possíveis, e o mais importante é que o princípio ao direito à autodefesa é assegurado em ambas.

Um outro texto ressaltando a naturalidade do direito à autodefesa é o capítulo 4 do livro de Neemias. Vale a pena replicá-lo aqui grifando alguns trechos:
Quando Sambalate soube que estávamos reconstruindo o muro, ficou furioso. Ridicularizou os judeus e, na presença de seus compatriotas e dos poderosos de Samaria, disse:

"O que aqueles frágeis judeus estão fazendo?
Será que vão restaurar o seu muro?
Irão oferecer sacrifícios?
Irão terminar a obra num só dia?
Será que vão conseguir ressuscitar pedras de construção
daqueles montes de entulho e de pedras queimadas? "

Tobias, o amonita, que estava ao seu lado, completou: 
"Pois que construam! 
Basta que uma raposa suba lá, 
para que esse muro de pedras desabe! "

Ouve-nos, ó Deus, pois estamos sendo desprezados. Faze cair sobre eles a zombaria. E sejam eles levados prisioneiros como despojo para outra terra. Não perdoes os seus pecados nem apagues as suas maldades, pois provocaram a tua ira diante dos construtores.

Nesse meio tempo fomos reconstruindo o muro, até que em toda a sua extensão chegamos à metade da sua altura, pois o povo estava totalmente dedicado ao trabalho.

Quando, porém, Sambalate, Tobias, os árabes, os amonitas e os homens de Asdode souberam que os reparos nos muros de Jerusalém tinham avançado e que as brechas estavam sendo fechadas, ficaram furiosos.
Todos juntos planejaram atacar Jerusalém e causar confusão.
Mas nós oramos ao nosso Deus e colocamos guardas de dia e de noite para proteger-nos deles. 
Enquanto isso, o povo de Judá começou a dizer: 
"Os trabalhadores já não têm mais forças e ainda há muito entulho. 
Por nós mesmos não conseguiremos reconstruir o muro".

E os nossos inimigos diziam: 
"Antes que descubram qualquer coisa ou nos vejam, 
estaremos bem ali no meio deles
vamos matá-los e acabar com o trabalho deles".

Os judeus que moravam perto deles dez vezes nos preveniram: 
"Para onde quer que vocês se virarem, 
saibam que seremos atacados de todos os lados".

Por isso posicionei alguns do povo atrás dos pontos mais baixos do muro, nos lugares abertos, divididos por famílias, armados de espadas, lanças e arcos.

Fiz uma rápida inspeção e imediatamente disse aos nobres, aos oficiais e ao restante do povo: 
"Não tenham medo deles.
Lembrem-se de que o Senhor é grande e temível,
e lutem por seus irmãos,
por seus filhos e por suas filhas,
por suas mulheres e por suas casas".

Quando os nossos inimigos descobriram que sabíamos de tudo e que Deus tinha frustrado a sua trama, todos nós voltamos para o muro, cada um para o seu trabalho.
Daquele dia em diante, enquanto a metade dos meus homens fazia o trabalho, a outra metade permanecia armada de lanças, escudos, arcos e couraças. 

Os oficiais davam apoio a todo o povo de Judáque estava construindo o muro. Aqueles que transportavam material faziam o trabalho com uma mão e com a outra seguravam uma armae cada um dos construtores trazia na cintura uma espada enquanto trabalhava; e comigo ficava um homem pronto para tocar a trombeta.

Então eu disse aos nobres, aos oficiais e ao restante do povo: 

"A obra é grande e extensa, e estamos separados, distantes uns dos outros, ao longo do muro. Do lugar de onde ouvirem o som da trombeta, juntem-se a nós ali. Nosso Deus lutará por nós! "

Dessa maneira prosseguimos o trabalho com metade dos homens empunhando espadas, desde o raiar da alvorada até o cair da tarde.

Naquela ocasião eu também disse ao povo: 

"Cada um de vocês e o seu ajudante
devem ficar à noite em Jerusalém,
para que possam servir de guarda à noite
e trabalhar durante o dia".

Eu, os meus irmãos, os meus homens de confiança e os guardas que estavam comigo nem tirávamos a roupa, e cada um permanecia de arma na mão.
O contexto deste texto é a reconstrução dos muros de Jerusalém. Apesar da permissão concedida pelo rei persa Artaxerxes, os judeus enfrentaram oposição contra seu trabalho e este capítulo ressalta a resolução e determinação deles em realizá-lo.

A narrativa de Neemias nos mostra pontos interessantes, como a divisão da jornada dos homens entre os que trabalhavam ativamente na construção e os que serviam como guardas para os demais. Pelo texto podemos pensar em turnos, de homens voluntários, que tinham em mente a proteção de suas famílias e seus compatriotas.
O conceito de autodefesa (e defesa de terceiros) é tão natural aqui, que eles portavam suas armas o tempo todo, preparados para contra-atacar. E mais que um direito, tinham isso como dever, pois eram os cabeças de suas famílias e portanto tinham que defendê-las.

Lembrando ainda que estavam empenhados na construção dos muros, que também são para defesa. Desta forma, precisavam garantir a segurança em uma situação extrema com uso de armas de ataque para minimizarem os riscos com muros, que trariam mais proteção e reduziria essa necessidade de confronto direto.

Outro ponto importantíssimo está no fato deles orarem a DEUS pedindo proteção, mas portarem armas.
Alguns, hoje em dia, alegam que portar armas seria uma demonstração de falta de confiança em DEUS, porém este é um outro erro cometido por ingenuidade ou desfaçatez.
Poderíamos inclusive discutir aqui sobre o contraste entre Soberania de Deus e responsabilidade humana, porém, resumindo pelo óbvio, o fato de Deus ser o Senhor da História, do Tempo e Sustentador de todas as coisas não elimina a responsabilidade humana em agir conforme o próprio Deus ordena.

No Salmo 127 encontramos o contraste apresentado sem qualquer contradição. O primeiro versículo diz:
Se não for o Senhor o construtor da casa, será inútil trabalhar na construção.
Se não é o Senhor que vigia a cidade, será inútil a sentinela montar guarda.
A ênfase aqui é a Soberania de Deus (como deve ser), demonstrando que qualquer obra humana em si só não é suficiente para determinar o fim do homem. Somente se Deus quiser, tais esforços terão o resultado desejado pelo homem.

Porém, o próprio texto não condena a ação humana. Ele não diz que o fato de que tudo depende da vontade de Deus deve excluir a atuação humana em prol do bem do seu próximo e da preservação da vida. Logo, mesmo que não adiante trabalhar na construção da casa ou uma sentinela montar guarda para vigiar a cidade se DEUS não estiver à frente da construção ou vigiando, isso não torna a construção ou a guarda inúteis e sem sinal de desconfiança. É, ao contrário, sinal de prudência, também exigida nas Escrituras. (Provérbios 8:5; Provérbios 8:121 Crônicas 22:12).

O capítulo 4 de Neemias (explicado acima) se aplica, portanto, perfeitamente ao conceito explicado nesse versículo do Salmo.

Outro ponto que poderia ser bastante comentado tendo por base textos do Antigo Testamento é o do envolvimento do povo de Deus com guerras, mas o foco deste artigo não é este.
Para mais informações e uma análise mais detalhada sobre esse ponto, sugiro a seguinte leitura:



Mas e quanto ao Novo Testamento?

Ele lhes disse: "Mas agora, se vocês têm bolsa, levem-na, e também o saco de viagem; e se não têm espada, vendam a sua capa e comprem uma.
Está escrito: ‘E ele foi contado com os transgressores’; e eu lhes digo que isto precisa cumprir-se em mim. Sim, o que está escrito a meu respeito está para se cumprir".
Os discípulos disseram: "Vê, Senhor, aqui estão duas espadas".
"É o suficiente!", respondeu ele.
(Lucas 22:36-38)
Apesar das palavras de Cristo parecerem claras, existe a alegação de não há literalidade nelas. Alguns afirmam que Jesus estaria falando ironicamente, e subentende-se então que os ouvintes deveriam assimilar isso, porém faltam evidências dessa ironia. Soa como uma tentativa simplória de justificação da parte dos desarmamentistas, mas sem provas.
Mesmo assumindo que Jesus quis dizer algo enigmático, ainda assim seria estranho considerar que seus discípulos já possuíam espadas e Ele não os censurou...

E vale a pena considerar esse discurso lembrando que tempos atrás esses mesmo discípulos foram informados que não precisavam se preocupar com recursos para sua sobrevivência nas viagens, pois seriam supridos:
Vão! Eu os estou enviando como cordeiros entre lobos.
Não levem bolsa nem saco de viagem nem sandálias; e não saúdem ninguém pelo caminho.
(Lucas 10:3,4)
Esse trecho é parte da narrativa de Jesus enviando mais de 70 homens como missionários, e garantindo que seriam supridos, sem que precisassem levar mantimentos. Ele está claramente ligado ao texto mencionado antes (Lucas 22:36-30), como fica evidente se lermos também o versículo 35:
Então Jesus lhes perguntou: "Quando eu os enviei sem bolsa, saco de viagem ou sandálias, faltou-lhes alguma coisa?" "Nada", responderam eles.Ele lhes disse: "Mas agora, se vocês têm bolsa, levem-na, e também o saco de viagem; e se não têm espada, vendam a sua capa e comprem uma.
(Lucas 22:35,36 - grifos meus)
Quando lemos o início do versículo 36 com um pouco de atenção, percebemos que há um contraste (mas) entre o que foi no passado e o que deveria ser feito naquele momento ou a partir dali (agora). E o versículo traz um comando justamente oposto ao do passado, acrescentando que adquirissem também espadas.

Alguns ainda alegam dissimulada ou ingenuamente que o fato do "Reino de Deus não ser deste mundo" (João 18:36) e que "nossa luta não é contra carne e sangue" (Efésios 6:12) aponta para a autodefesa violenta com um pecado. Alguns vão além dizendo que não é pela força que o Reino de Deus é ampliado e com isso acabam pregando uma passividade perniciosa, que transformaria o povo de Deus em um refém masoquista dos ímpios. Porém, ao fazerem uma interpretação errônea desses textos, geram contradições com os textos já mencionados anteriormente.

Evidentemente não é pela força física ou letal que a Igreja prevalece contra o inferno (Mateus 16:18), porém, um indivíduo se defender contra a violência não é um pecado. A luta espiritual real que vivenciamos não exclui as relações humanas e a necessidade de atitude perante os efeitos do pecado na sociedade.

Além disso, em uma situação de ameaça às vidas de inocentes (terceiros), preservá-las é mais importante do que preservar a vida daquele(s) que fornecem tal ameaça. O texto anteriormente mencionado de Neemias mostra isso claramente. 
Essa é a base para a autodefesa e a defesa de entes queridos. Não é apenas um direito, mas também um dever:
Se alguém não cuida de seus parentes, e especialmente dos de sua própria família, negou a fé e é pior que um descrente.
(1 Timóteo 5:8)
O texto acima engloba todo tipo de cuidado quanto às necessidades de familiares, logo, a própria vida deles precisa ser incluída. E a acusação contra a omissão nesse caso é pesada: "negou a fé e é pior que um descrente".


As autoridades e instituições incumbidas para defesa do cidadão


Dito tudo isso, outro ponto a ser pensado diz respeito a instituições incumbidas de proteger as pessoas de forma geral. É comum que pessoas digam que deve haver desarmamento civil porque é obrigação da polícia defender a população.
Esse argumento é muito ruim, falhando em considerar que:


1) O direito à autodefesa não deve ser retirado ou terceirizado À FORÇA;
Esse é o principal ponto. O fato de haver uma instituição criada para tal fim não deve ser justificativa para que um direito natural de um indivíduo seja retirado.
Uma pessoa pode livremente escolher abrir mão desse direito (tendo terceiros como seguranças, por exemplo), mas jamais deveria ser forçada a isso.


2) Nenhuma instituição humana é onisciente, onipotente e onipresente;
Devido ao péssimo entendimento de muitos quanto ao real papel das autoridades e governos, praticamente se atribui ao Estado o papel de DEUS. Ele deve nos conceder tudo que precisamos, afinal, pagamos nossos impostos...
A partir desse entendimento errado, alguns acham que os indivíduos não precisam ter o direito à autodefesa assegurado pois é o Estado quem deve cumprir esse papel. Desprezam que, além praticarem uma espécie de idolatria infundada (e ingênua), estão cobrando que um grupo limitado de pessoas seja capaz de realizar atos que exigem plenitude de conhecimento, poder e presença. Algo logicamente impossível...
Obviamente, pela polícia (ou qualquer instituição que exercesse tal papel) não possuir tais atributos, nenhum indivíduo pode supor que em qualquer situação ela poderá ajudá-lo imediatamente. E por muitas vezes o imediatismo ser necessário é, que mais uma vez o direito pessoal à autodefesa é reforçado.

3) Uma instituição que monopoliza o direito à defesa tem portas abertas para oprimir os indefesos.
"Ora, em toda a terra de Israel não se achava um só ferreiro; porque os filisteus tinham dito: Não façam os hebreus para si nem espada nem lança. Pelo que todos os israelitas tinham que descer aos filisteus para afiar cada um a sua relha, a sua enxada, o seu machado e o seu sacho. Tinham porém limas para os sachos, para as enxadas, para as forquilhas e para os machados, e para consertar as aguilhadas. Assim, no dia da peleja, não se achou nem espada nem lança na mão de todo o povo que estava com Saul e com Jônatas; acharam-se, porém, com Saul e com Jônatas seu filho." 
(1 Samuel 13: 19-20).
Quando os governantes políticos estão ansiosos para desarmar a população em geral, não é paranoia suspeitar que outras questões estão em jogo.
- Douglas Wilson
Creio que o texto bíblico não exija muita explicação, e o comentário de Douglas Wilson sintetiza isso. Mas se não for suficiente, lembremos os casos de desarmamento impostos por governantes na História Moderna, e quais foram os frutos disso...
Quanto menos restrições (e portanto mais poder) se dá aos governantes, maior a chance dos cidadãos comuns serem oprimidos. Quanto menos recursos para a autodefesa tivermos, as chances de nos tornarmos vítimas aumenta.


E como diz Douglas Wilson:
Não é possível garantir o direito à autodefesa sem simultaneamente garantir os meios para a autodefesa.
Em outras palavras, qual o efeito de se afirmar a existência desse direito e se proibir as formas possíveis de realizá-lo??


As "armas de fogo" como aliadas e não vilãs

Apesar de tantos exemplos bíblicos, alguém poderia alegar que nenhum deles se refere a "armas de fogo" e portanto não se aplicariam. Porém, isso é falso, pois o mesmo princípio da autodefesa (tão destacado) vale para o uso de qualquer tipo de arma.

No livro "Armas, Defesa Pessoal e a Bìblia", o autor discorre bem sobre a possibilidade real de que praticamente qualquer objeto pode vir a se tornar uma arma nas mãos de alguém intencionado em agredir outrem. Logo, a autodefesa também se sustenta com o uso de objetos para esse fim.

Se por um lado as armas de fogo tem seu poder letal ampliado pela maior praticidade para o seu usuário em comparação com armas que exigem curta distância ou maior emprego de força no manuseio, por outro lado isso favorece a vítima de agressão possibilitando que possa se defender melhor.
Por exemplo: Se um homem invade uma casa e intenciona abusar sexualmente de uma mulher que está sozinha, ela terá chances muito melhores de se defender do agressor se portar um revólver do que um canivete.

Desta forma, pode-se considerar que a vítima é favorecida com o acesso a esse tipo de arma.

Por fim, o mau uso é algo que não pode ser efetivamente evitado, mas tirar o direito da autodefesa não é a solução para isso. O que deve ser feito é o que as Escrituras apontam, que é punir severamente aqueles que, devido ao mau uso, causaram danos a terceiros. A imperícia e a imprudência são agravantes na pena de um homicida, por exemplo. Desta forma, assim como deve haver garantia do direito natural à autodefesa é também preciso que se puna adequadamente aqueles que usam esse direito indevidamente, e ferem outros direitos de terceiros.

CONCLUSÃO


Ao contrário do que muitos acreditam ou distorcem (incluindo cristãos), a bíblia não proíbe a autodefesa. Conforme demonstrado, o direito era assegurado civilmente no Antigo Israel e confirmado por Cristo no Novo Testamento. E mais que um direito, pode ser visto como um dever quando se trata de proteger a vida de "próximos" perante ameaças de agressores.
Confiar em Deus não exclui a prudência e a responsabilidade humana, do contrário até trancar a porta de casa seria sinal de incredulidade. Pelo contrário, o próprio Cristo diz perante o diabo que não devemos tentar ao nosso DEUS ().
Portanto, jamais devemos desenvolver uma confiança idólatra em armas como se fossem a solução para a segurança pessoal ou de todos e esquecendo que é DEUS quem nos sustenta e nos guarda, mas tê-las para proteção não é sinal de falta de fé ou de amor ao próximo.

Que ELE abra nossos olhos e corações para nos atermos à Sua Palavra e tão somente ela como fonte da Verdade.