sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

CONFISSÃO DE FÉ BATISTA DE 1689 (parte 11)

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CAPÍTULO 19
A LEI DE DEUS

1. Deus outorgou a Adão uma lei de obediência, que lhe inscreveu no coração; e também um preceito particular, o de não comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Dessa maneira, Adão e toda sua posteridade ficaram compelidos a uma obediência pessoal, total, exata e perpétua, à lei. Deus prometeu vida como recompensa do cumprimento, e morte como castigo da quebra da lei, tendo dado ao homem o poder e a habilidade para guardá-la.
Gênesis 2:16-17; Eclesiastes 7:29.
Romanos 10:5.
Gálatas 3:10,12.

2. A mesma lei que uma vez foi inscrita no coração humano continuou a ser uma regra perfeita de justiça após a queda. E essa lei foi dada por Deus sobre o monte Sinai e inscrita em duas tábuas de pedra, na forma de dez mandamentos. Os quatro primeiros mandamentos contêm nossos deveres para com Deus, e, os outros seis mandamentos, nossos deveres para com os homens.
Romanos 2:14-15.
Deuteronômio 10:4.

3. Além desta lei, comumente chamada de lei moral, Deus houve por bem dar leis cerimoniais ao povo de Israel, contendo diversas ordenanças simbólicas: em parte, de adoração, prefigurando Cristo, as suas graças, suas ações, seus sofrimentos, e os benefícios que conferiu; e, em parte, estabelecendo várias instruções de deveres morais.
As leis cerimoniais foram instituídas com vigência temporária, pois mais tarde seriam ab-rogadas por Jesus, o Messias e único Legislador, que, vindo no poder do Pai, cumpriu e revogou essas leis.
Hebreus 10:1; Colossenses 2:17.
I Coríntios 5:7.
Colossenses 2:14,16-17; Efésios 2:14,16.

4. Deus também deu diversas leis judiciais ao povo de Israel, que expiraram juntamente com o antigo Estado de Israel e agora não possuem caráter obrigatório; são válidas, no entanto, como um padrão moral de equidade coletiva.
I Coríntios 9:8-10.

5. Para sempre a lei moral requer obediência de todos, tanto de pessoas justificadas quanto das demais. E isto não apenas por causa do assunto de que trata essa lei, mas, também, por causa da autoridade de Deus, o Criador, que a impôs. No evangelho, Cristo de modo nenhum dissolve a lei, antes confirma a sua obrigatoriedade.
Romanos 13:8-10; Tiago 2:8,10-12.
Tiago 2:10-11.
Mateus 5:17-19; Romanos 3:31.

6. Embora os verdadeiros crentes não estejam debaixo da lei (como num pacto de obras), para serem justificados ou condenados por ela, mesmo assim a lei é de grande utilidade para eles, bem como para outras pessoas. Isso porque a lei, como uma regra de vida, lhes informa da vontade de Deus e do dever que lhes cabe, dirigindo e constrangendo-os a caminhar segundo esse dever. A lei também descobre as contaminações pecaminosas da natureza humana, dos corações e das vidas, para que eles, examinando-se na lei, possam vir a ter uma maior convicção, humilhação e ódio pelo pecado, além de uma visão mais clara de sua necessidade de Cristo e da perfeição da obediência de Cristo.
Da mesma forma, a lei é útil para restringir as corrupções dos regenerados, pois proíbe o pecado. As ameaças da lei servem para mostrar o que os pecados deles merecem, e com que aflições eles podem contar nesta vida, se pecam, mesmo depois de libertados da maldição e do rigor intransigente da lei.
Igualmente, as promessas da lei demonstram a aprovação de Deus à obediência e quais bênçãos os homens podem esperar receber se cumprirem a lei, embora essas bênçãos não lhes sejam devidas por encargo da lei, como seria num pacto de obras. Por conseguinte, se um homem faz o bem e se refreia do mal (porque a lei encoraja a uma coisa e o dissuade da outra), isso não é evidência de ele estar debaixo da lei e não debaixo da graça.
Romanos 6:14; Gálatas 2:16; Romanos 8:1; Romanos 10:4.
Romanos 3:20; Romanos 7:7-25.
Romanos 6:12-14; I Pedro 3:8-13.

7. Os usos da lei, acima mencionados, não são contrários à graça do evangelho; antes, concordam docemente com ela, à medida que o Espírito de Cristo conquista a vontade do homem e o capacita a fazer, espontânea e alegremente, aquilo que a vontade de Deus, revelada na lei, requer que seja feito.
Gálatas 3:21.
Ezequiel 36:27.

CAPÍTULO 20
O EVANGELHO E A EXTENSÃO DE SUA GRAÇA


1. O pacto das obras foi quebrado pelo pecado e se tornou inútil para conduzir à vida. Mas Deus foi servido prometer Cristo, o descendente de mulher, como o meio de chamar os eleitos e gerar neles fé e o arrependimento. Nesta promessa, a essência do evangelho foi revelada, o que a tornou eficaz para a conversão e salvação de pecadores.
Gênesis 3:15.
Apocalipse 13:8.

2.Esta promessa, referente à Cristo e à salvação através dEle, somente é revelada pela Palavra de Deus. As obras da criação ou da providência, bem como a luz da natureza, não fazem mais do que uma apresentação genérica e obscura de Cristo e da graça através dEle; muito menos do que o necessário para que os homens destituídos da revelação de Cristo pudessem alcançar fé salvadora ou arrependimento.
Romanos 1:17.
Romanos 10:14-15,17.
Provérbios 29:18; Isaías 25:7; Isaías 60:2-3.

3. A revelação do evangelho a pecadores - para nações e indivíduos a quem tem sido feita, muitas vezes e de muitas maneiras, com adição de promessas e preceitos de obediência - é devida unicamente à vontade soberana e ao beneplácito de Deus.
A revelação do evangelho não está ligada (em virtude de alguma promessa) ao devido bom uso das habilidades humanas à luz da revelação comum, recebida sem o evangelho, porque ninguém jamais conseguiu, nem poderá conseguir tal coisa.Conseqüentemente, em todas as eras, a pregação do evangelho tem sido feita em grande variedade de extensão ou limitação, a indivíduos e a nações, de acordo com o conselho da vontade de Deus.
Salmo 147:20; Atos 16:7.
Romanos 1:18-32.

4. O evangelho é o único meio externo de revelação de Cristo e da graça salvadora, e, como tal, é abundantemente suficiente para isso. No entanto, para que homens que estão mortos em transgressões possam nascer de novo, ser vivificados ou regenerados, faz-se necessária, também, uma obra efetiva e insuperável do Espírito Santo, em cada parte da alma, para produzir neles uma nova vida espiritual. Sem esta obra do Espírito Santo não há outros meios de produzir a conversão a Deus.
Salmo 110:3; I Coríntios 2:14; Efésios 1:19-20.
João 6:44; II Coríntios 4:4,6.