quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Criança tem pecado? E se morrer na infância? (por Clóvis Gonçalves)

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Eu nasci na iniqüidade, e em pecado me concebeu minha mãe.(Salmo 51.5)

Há quem diga que as crianças nascem com "a semente do pecado". Considero essa maneira de falar um eufemismo, uma suavização desnecessária e sem apoio bíblico. “Todos pecaram e separados estão da glória de Deus” (Rm 3:23), e isto inclui os infantes que morrem, inclusive os abortados, se é que consideramos que uma pessoa forma-se na concepção.

Outros falaram que as crianças tem uma natureza pecaminosa, mas não o pecado. Também é uma maneira de reduzir o mal-estar por considerar pecadores os que nós intuitivamente achamos "inocentes". É verdade que as crianças possuem uma natureza pecaminosa, uma inclinação, predisposição para o mal. Mas elas também vem a este mundo com a culpa pelo pecado de Adão, que é imputada à toda raça, sem exceção. 

Por isso, afirmo que todas as crianças nascem merecendo o inferno e as que morrem na infância não são inocentes diante de Deus. Considerá-las irracionais ("não atingiram a idade da razão"), inocentes ou ignorantes ("Deus não leva em conta o tempo da ignorância") e que por isso mereçam ou devam ir para o céu é forçar a situação sem apoio escriturístico. A única maneira de ser salvo, seja criança ou adulto, é sendo remido pelo sangue de Jesus e regenerado pelo Espírito Santo. 

Então, como fica a situação dos que morrem na infância? 

Os calvinistas afirmamos que somente as crianças eleitas são salvas. Aliás, no calvinismo é ponto pacífico que somente os eleitos serão salvos e a discussão gira em torno de quantos dos infantes que morrem são eleitos (se todos ou uma parte deles). A Confissão de Fé de Westminster diz que "as crianças que morrem na infância, sendo eleitas, são regeneradas e por Cristo salvas, por meio do Espírito, que opera quando, onde e como quer" (CFW, X, III). Uns interpretam "sendo eleitas" como significando "se forem eleitas" e outros como "por serem eleitas". No primeiro caso, admite-se que apenas parte das crianças são eleitas, no segundo, todas são eleitas, e por isso, salvas. 

Assim, temos duas possibilidades dentro do esquema calvinista:

1. Todas as crianças que morrem na infância são eleitas, e por isso salvas extraordinariamente por Deus; 

2. Somente parte das crianças que morrem na infância são eleitas e 
a) podemos ter certeza com relação aos filhos de pais crentes; ou
 
  
b) não podemos ter certeza com relação a nenhuma delas especificamente. 

A posição que assumo é a de número 1, ou seja, não creio que uma criança seja salva porque merece o céu, porque não tem pecado, porque lhe falta conhecimento ou qualquer outra coisa, pois as considero que diante de Deus todos os infantes são réus do fogo do inferno, mas creio que Deus elegeu a todas e que é por sua graça e misericórdia que são compradas pelo sangue de Cristo e feitas novas criaturas pelo Espírito do Senhor.

Soli Deo Gloria


Extraído de:


Nota: Eu, "Barrabás" tenho a mesma opinião sobre a eleição de todas, as pessoas que morrem na infância porém entendendo que o fato delas não terem a capacidade de entender e assimilar a necessidade do arrependimento também deve ser considerado.
Não acredito que a falta de conhecimento sobre a salvação (caso daqueles que nunca ouviram o evangelho) absolva uma pessoa, mas creio que a falta de capacidade para essa compreensão sim me baseando no princípio de Romanos 1, que o pastor John Piper explica aqui: