quarta-feira, 6 de abril de 2011

Amor Sem Medida – Um sermão sobre João 3:16 (C. H. Spurgeon) - Parte 02 de 08

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Deus tem tal amor em Sua natureza que precisa deixá-lo fluir em direção a um mundo que está perecendo por causa de seu próprio pecado voluntário. E quando fluiu era tão profundo, tão largo, tão forte, que nem sequer a inspiração podia calcular sua medida e, portanto, o Espírito Santo nos deu essas grandiosas palavras, DE TAL MANEIRA, deixando que intentemos medi-lo, conforme vamos percebendo mais e mais esse amor divino.

Agora, houve uma ocasião na qual o grandioso Deus quis manifestar Seu amor sem medida. O mundo tristemente havia se extraviado, havia perdido a si mesmo; o mundo foi julgado e condenado; foi entregue a perecer, por causa de suas ofensas; e tinha necessidade de ajuda. A queda de Adão e a destruição da humanidade abriram um amplo espaço, assim como suficiente margem para o amor Todo Poderoso. Em meio às ruínas da humanidade, tinha espaço para mostrar quanto Jeová amava os filhos dos homens; pois o alcance do Seu amor abarcava o mundo, o objeto desse amor era precisamente resgatar os homens para que não caíssem no abismo, e o resultado desse amor foi encontrar um resgate para eles.

O propósito específico desse amor era tanto negativo quanto positivo; era que, crendo em Jesus, os homens não perecessem, mas que alcançassem a vida eterna. A desesperada enfermidade do homem foi o motivo da introdução desse remédio divino que unicamente Deus poderia ter planejado e ministrado. Por meio do plano de misericórdia, e do grandioso dom que se requeria para levar a cabo esse plano, o Senhor encontrou o meio para manifestar seu amor sem limite aos homens culpados.

Se não houvesse existido nenhuma queda, e nenhuma morte, Deus poderia nos mostrar o Seu amor da mesma maneira que faz com os espíritos puros e perfeitos que rodeiam Seu trono.

Entretanto, jamais poderia mostrar Seu amor a nós de tal maneira especial como agora o faz. Na dádiva de Seu Filho unigênito, Deus revela Seu amor para conosco, na medida em que, sendo nós ainda pecadores, a seu tempo morreu Cristo pelos ímpios.

O fundo negro do pecado faz ressaltar muito mais claramente o fulgor da linha do amor. Quando o relâmpago escreve com dedos de fogo o nome do Senhor na amplidão da escura face da tempestade, nos achamos forçados a vê-Lo; assim também o quando o amor inscreve a cruz sobre as negras tábuas de nosso pecado, ainda os olhos que não podem ver estão obrigados a ver que “Nisto consiste o amor.

Poderia tratar meu texto de mil maneiras diferentes no dia de hoje. Mas em favor da simplicidade, e para apegar-me ao único ponto de proclamar o amor de Deus, quero fazer-lhes ver quão grande é esse amor por meio de cinco considerações.




I. A primeira consideração é o DOM: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira, que deu o Seu Filho unigênito.” Os homens que amam muito estão prontos a dar muito, e usualmente podem medir a verdade deste amor através de seus sacrifícios e renúncias. Esse amor que não guarda nada para si, mas se esgota em ajudar e abençoar o seu objeto, e o verdadeiro amor, e não apenas um amor de nome. O pouco amor se esquece de trazer água para lavar os pés, mas o grande amor quebra o vaso de alabastro e derrama seu valioso perfume.

Então considerem qual foi o dom que Deus deu. Não poderia encontrar a expressão correta se tentasse explicar completamente o que é esta bênção que não tem preço; e não vou arriscar-me a fracassar ao tentar o impossível. Unicamente vou convidá-los a pensar na sagrada Pessoa que foi dada pelo Pai para demonstrar Seu amor para com os homens. Tratava-se do Seu unigênito Filho: Seu Filho amado, em quem tinha Sua complacência.
Nenhum de nós teve um filho assim para dá-lo. Nossos filhos são filhos de homens; o dEle era Filho de Deus. O Pai deu parte de Si mesmo, Ele que era Um com Ele. Quando o grandioso Deus deu a Seu Filho estava dando a Si próprio, pois Jesus, em sua natureza eterna não é menos que Deus. Quando Deus deu a Deus por nossa causa, estava se dando a Si mesmo. Quem pode medir este amor?

Vocês que são pais, julguem o quanto amam a seus filhos: poderiam entregá-los à morte por causa de seus inimigos? Vocês que têm um filho único, julguem quão entrelaçados estão seus corações ao seu primogênito, ao seu unigênito filho. Não houve uma maior prova do amor de Abraão a Deus do que quando não vacilou em entregar-Lhe seu filho, seu único filho, seu Isaque amado; e certamente não pode haver uma maior manifestação de amor que a do Eterno Pai, ao entregar o Seu unigênito Filho à morte por nós.