segunda-feira, 2 de abril de 2018

Por que não comemoramos a Páscoa? (por Rev. Josafá Vasconcelos)

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A páscoa não é um evento bíblico? Não foi ordenado que o povo na Antiga Aliança a comemorasse anualmente? Não coincide com a morte e ressurreição de Jesus? Não seria uma boa oportunidade para evangelizar? Que mal há em se fazer cantatas e representações da paixão de Cristo? É nestas oportunidades que a igreja enche e muita gente pode ser salva!

Todos esses são argumentos pragmáticos e humanos. Nós não somos mais inteligentes que Deus, por que Ele não pensou nisso? Por que não está ordenado no Novo Testamento que comemoremos a Páscoa? Por que os apóstolos nunca fizeram?

Na verdade, a Páscoa quanto festa veterotestamentária, teve seu cumprimento no advento de Cristo. O cordeiro pascal era tipificado na celebração ordenada por Moisés desde a saída do Egito e seu cumprimento foi confirmado pelo apóstolo Paulo em ICor 5:6, quando diz que “Cristo é a nossa páscoa que foi sacrificado…” e quando diz para “celebrarmos a festa” (vs7), Ele quer dizer, participarmos da Santa Ceia, com “os asmos da sinceridade e da pureza”.

Os termos “Easter” (Ishtar) e “Ostern” (Páscoa em inglês e alemão, respectivamente) parecem não ter qualquer relação etimológica como o Pesach (páscoa). A hipótese mais aceita relacionam os termos com Eostremonat, nome de um antigo mês germânico, ou de Eostre, uma deusa germânica relacionada com a primavera que era homenageada todos os anos, no mês de Eostremonat, de acordo com o historiador inglês do século VIII, Beda.

Alguns historiadores sugerem que muitos dos atuais símbolos ligados à Páscoa (especialmente os ovos coloridos e o coelhinho da Páscoa) são resquícios culturais da festividade de primavera em honra de Eostre que, depois, foram assimilados às celebrações cristãs do Pesach, depois da cristianização dos pagãos germânicos. Contudo, já os Persas, Romanos, Judeus e Armênios tinham o hábito de oferecer e receber ovos coloridos por esta época. Ishtar tinha alguns rituais de caráter sexual, uma vez que era a deusa da fertilidade, outros rituais tinham a ver com libações e outras ofertas corporais. Um ritual importante ocorria no equinócio da primavera, onde os participantes pintavam e decoravam ovos (símbolo da fertilidade) e os escondiam e enterravam em tocas nos campos. Este ritual foi adaptado pela Igreja Católica no principio do 1º milênio depois de cristo, fundindo-a com outra festa popular da altura chamada de Páscoa. Mesmo assim, o ritual da decoração dos ovos de páscoa mantém-se por todo o mundo, nesta festa, quando ocorre o equinócio da primavera. A data cristã foi fixada durante o Concílio de Nicea, em 325 d.C, como sendo “o primeiro domingo após a primeira Lua Cheia que ocorre após ou no equinócio da primavera boreal”.

Nós seguimos o princípio regulador do culto reformado esboçado pela nossa Confissão de Fé, que não admite, no culto, qualquer tipo de celebração que não tenha sido ordenado, expressa ou claramente inferido, das páginas das Escrituras. Por isso, não comemoramos a Páscoa como os homens a instituíram, não ousamos fazer o que Deus não ordenou, mesmo que seja com a melhor das intenções.