sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Brancos tem uma dívida histórica com negros??

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Extraída de: Libertários

Brancos 'devem até a alma' aos negros??

Tempos atrás tive contato com uma imagem (corrigida aqui) que definia como hipócrita quem concorda com a doutrina do pecado original mas que ao mesmo tempo nega que uma 'dívida histórica' deva ser paga por descendentes de quem a causou..

Aparentemente, o(s) autor(es) sugerem que, devido ao fato de Adão ter pecado ao desobedecer a ordem de Deus e comer do fruto proibido, nós pagamos pelo pecado dele. Então, tomando essa interpretação como regra, sugere que brancos devem aos negros pelo período da escravidão.

Primeiramente, há um erro primário quanto ao efeito do pecado de Adão. Isso porque, por ele ser o representante de toda a humanidade, de fato sofremos as consequências do seu pecado, MAS NÃO, não estamos em dívida com Deus por causa daquele pecado mas sim pelos NOSSOS PRÓPRIOS PECADOS, que são consequência da corrupção da natureza humana (essa sim fruto daquele pecado).
Ou seja, não somos inocentes que devem a Deus só por causa de Adão, mas sim CULPADOS pelos nossos próprios pecados.
Uma explicação mais detalhada sobre isso pode ser encontrada aqui:

Isso por si só já derruba a argumentação original, mas considerando ainda a parte da escravidão, existiriam ainda outras questões a serem verificadas. Por exemplo, quem vendia escravos africanos aos "senhores" eram... ... africanos.. Sim, a escravidão que conhecemos na história das Américas consistia de trabalho forçado de um negro sequestrado por outro negro.. Obviamente que quem comprava um escravo estava errado em participar dessa abominação, mas pior pena deveria ser dada ao sequestrador. 
Segundo a bíblia, essa punição deveria ser a morte:
Aquele que sequestrar alguém e vendê-lo ou for apanhado com ele em seu poder, terá que ser executado.
(Êxodo 21:16)
Observando então todo esse contexto, o pior culpado e causador desse sofrimento do negro foi outro negro. Ainda assim, se fosse possível de alguma forma restituir a um negro os maus-tratos causados por um branco, isso obviamente (e é absurdo precisar dizer isso) não implica dizer que qualquer branco tem uma dívida com qualquer negro..
E pensando em restituição ao pé da letra, o certo seria que esses negros (quaisquer negros) fossem então enviados de volta à África?? Creio que não, até porque descendentes de um povo ou etnia não são obrigados a ter o mesmo destino que seus ascendentes, nem são responsáveis pelos atos que aquelas pessoas realizaram (pro bem ou pro mal)..

Além disso, apesar dessa ênfase exclusivista, a escravidão não foi algo que vitimou apenas negros ou africanos de uma forma geral. A palavra portuguesa eslavo é derivada do latim medieval sclavus, um empréstimo do grego antigo σκλάβος (sklábos) "escravo."

Os eslavos foram escravos dos gregos, romanos e dos germânicos. Em línguas germânicas a palavra eslavo significa escravo. A palavra eslavo continua sendo sinônimo de escravo no sueco (slav) e no norueguês (slave). Em inglês, slave significa escravo, e o termo usado pra falar do povo eslavo é slavic (eslávico) ou slav (eslavo). Isso como fruto da escravidão que os eslavos tiveram dos germânicos e que foi marcada no idioma.


O professor de história da Universidade Ohio State, Robert Davis, afirma que mais de 1 milhão de europeus foram escravizados por traficantes norte-africanos de escravos (corsários) entre 1530 e 1780. O período foi marcado pela pirataria, no Mediterrâneo e no Atlântico. O historiador afirma:
Uma das coisas que o público e muitos especialistas tendem a dar como certa é que a escravidão [na Idade Moderna] sempre foi de natureza racial --ou seja, que apenas os negros foram escravos. Mas não é verdade.
O número obtido pelo historiador é sem dúvidas muito inferior ao de negros escravizados nas Américas (entre 10 e 12 milhões), mas é um erro grotesco ignorarmos essa realidade. Ele diz:
Ser escravizado era uma possibilidade muito real para qualquer pessoa que viajasse pelo Mediterrâneo ou que habitasse o litoral de países como Itália, França, Espanha ou Portugal, ou até mesmo países mais ao norte, como Reino Unido e Islândia.
Davis escreveu um livro sobre o tema, chamado "Christian Slaves, Muslim Masters: White Slavery in the Mediterranean, the Barbary Coast, and Italy, 1500-1800", em que apresenta o resultado de suas pesquisas. E afirma:
Boa parte do que se escreveu sobre o escravagismo dá a entender que não houve muitos escravos [europeus] e minimiza o impacto da escravidão sobre a Europa. 
A maioria dos relatos analisa apenas a escravidão em um só lugar, ou ao longo de um período de tempo curto. Mas, quando se olha para ela desde uma perspectiva mais ampla e ao longo de mais tempo, tornam-se claros o âmbito maciço dessa escravidão e a força de seu impacto.

Biblicamente lemos que os judeus foram escravos no Egito e na Babilônia, e que houve escravidão em outros povos também. Sendo assim, a atribuição da escravidão exclusivamente aos negros (e causada por brancos) é sinal de um grande extremismo, seja fruto de ignorância ou de desonestidade..

Independentemente do fator genético ou de qualquer outro fator distintivo, somos todos pecadores e por isso devedores perante Deus, e por isso mesmo Cristo veio como substituto, pagando essa dívida para todos que são Seus..
Todos somos culpados, e todos precisamos de perdão.
Todos vocês são filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesuspois os que em Cristo foram batizados, de Cristo se revestiram. Não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; pois todos são um em Cristo Jesus.E, se vocês são de Cristo, são descendência de Abraão e herdeiros segundo a promessa.
(Gálatas 3:26-29)
Pois aquele que, sendo escravo, foi chamado pelo Senhor, é liberto e pertence ao Senhor; semelhantemente, aquele que era livre quando foi chamado, é escravo de Cristo
(1 Coríntios 7:22)
Não somos melhores nem piores que outros por quaisquer características genéticas ou condições sociais, e nem devedores a quem quer que seja pelo que não fizemos.. Somos todos igualmente servos de Cristo, quando salvos da condenação.

Lembrando ainda que nesse modelo conhecido de escravidão praticado nas Américas e parte da Europa, um homem branco cristão foi essencial da luta pelo fim do tráfico de escravos na Inglaterra: William WIlberforce.
Não que a cor da sua pele o fizesse melhor ou pior que alguém, mas é importante ressaltar que isso serve justamente como prova de que ser branco não o tornava um eterno devedor aos negros e muitos menos opressor natural destes..

É importante ressaltar que a pressão para o abolicionismo na Inglaterra tinha motivações mais ideológicas que econômicas. Em vez de prosperar economicamente, a Inglaterra veio a perder lucros com o fim do tráfico negreiro, e por isso mesmo os abolicionistas liderados por Wilberforce tiveram muitas dificuldades até conseguirem o que almejavam. A escravidão fornecia ao país um poderio econômico, mas a questão ética falaria mais alto..
  • Recomendo o filme "Jornada pela Liberdade" (original: "Amazing Grace") para maiores informações a respeito.


Em relação ao Brasil, infelizmente o que é disseminado nas escolas graças ao ""excelentíssimo"" MEC e professores que seguem 'a cartilha' ou até mesmo militam por essa causa que deturpa a História, usa-se esse dia da Consciência Negra para exaltar a figura de Zumbi dos Palmares como se fosse um herói na luta pelo fim da escravidão negra no Brasil..
Isso é triste, porque, aproveitando a data, as pessoas deveriam saber a verdade para entenderem o que de fato ocorreu e então, de fato, terem uma real consciência.

As tentativas de transformar Zumbi em um 'mártir socialista' são extremamente fantasiosas, quando tudo indica que ele mesmo era dono de escravos e mandava capturar escravos de fazendas vizinhas para que eles trabalhassem forçados no Quilombo dos Palmares. Ele descendia dos imbangalas, considerados os "senhores da guerra" na África Centro-Ocidental. Ou seja, nada mais natural que se considerasse no direito de ter seus próprios servos. Uma realidade bem diferente daquela que nos são informadas nas escolas, mas que é confirmada na História.

Da mesma forma, a Princesa Isabel também não pode ser considerada uma grande heroína da abolição, porém teve sim sua importância. Ao assinar a Lei Áurea em 13 de maio de 1888, estava na verdade acatando pressões vindas da Inglaterra. O Brasil foi o último país da América Latina a acabar com a escravatura, e a importância do ato da princesa está em ter contrariado a vontade dos senhores de escravos ao assinar essa Lei que aboliria tecnicamente a escravidão. Porém antes disso, a Inglaterra já havia determinado que poderia prender qualquer navio suspeito de traficar escravos que navegasse pelo Oceano Atlântico. Com base nisso foi criada em 4 de setembro de 1850 a Lei Eusébio de Queirós, que proibia o tráfico inter-atlântico de escravos.
Ou seja, o ato da princesa só veio acontecer depois de essas e outras medidas que já haviam anunciado o fim gradativo da prática escravagista no país, como a Lei do Ventre Livre (que tratava como livres os filhos de escravos nascidos a partir de sua promulgação: 28 de setembro de 1871) e a Lei dos Sexagenários (que garantiu liberdade a todos escravos com mais de 65 anos a partir de sua aprovação em  28 de setembro de 1885).

Cotas "raciais" são justas??

A discussão desse assunto não é simples, porque exige uma análise imparcial (mas ética) dos eventos históricos - principalmente o período de escravidão -, mas tendo tudo isso que já foi exposto antes em mente, não é muito difícil de se perceber que medidas como cotas são injustas por punir quem não cometeu crime e somente aumentam a distância entre brancos e negros ao fazer esse tipo de segregação (ao invés de assegurar os direitos de todos independentemente da cor da pele). Alguém poderá dizer que os brancos não são punidos, que na verdade  os negros é que estão recebendo algo que supostamente é deles por direito, mas como pode ser justo tirar uma vaga de um branco para dar a um negro só porque ele é negro, mesmo quando o branco obteve desempenho melhor nos requisitos daquela vaga??

Digo ainda que, na minha opinião, a melhor forma de combater o racismo e até amenizar o contraste causado pelas diferenças sociais é o tratamento empático. Ou seja, se fizermos o que a bíblia nos prescreve e amarmos uns aos outros como a nós mesmos sem olhar para qualquer circunstância, e com humildade considerando os outros superiores a nós, será mais difícil se alimentar antipatia. Podemos (e creio que temos um certo dever moral de) demonstrar às pessoas que são mais desfavorecidas socialmente (seja lá por qual for o motivo) que elas tem valor, e tanto quanto qualquer outra pessoa, já que elas possuem em si a imagem de Deus. (Gênesis 9:6)
Sendo assim, ela não precisa ser favorecida para supostamente ser restituída, mas sim saber que ela tem a capacidade de buscar cumprir seus ideais.
Devemos lutar para que todos tenham seus direitos assegurados, mas sem se fazer acepções (mesmo que fosse para "favorecer desfavorecidos")..

Também acho interessante o que disse no vídeo abaixo (odiado por muitos), o ator Morgan Freeman sobre a necessidade de um mês da "Consciência Negra" no seu país:




Eu não sou contrário ao dia que temos no Brasil dedicado à "Consciência Negra" (20 de novembro) tendo em mente que seria um reforço para o combate ao pecado do racismo e a meu ver um incentivo ao estudo da História do país e também sobre a escravidão no mundo, mas acho o argumento do ator totalmente coerente em relação a qualquer benefício que seja dado a alguém devido à cor da pele. Quero dizer, se a ideia é acabar com (ou lutar contra) a desigualdade então o caminho não é favorecer o lado que é tido como desfavorecido historicamente, mas sim de garantir os direitos de todos para que a igualdade (que nunca será nem deve ser absoluta) seja mais acessível de forma natural. O que o Estado deve fazer é impedir a opressão a todos seus cidadãos ao invés de escolher algum grupo para favorecer.



De qualquer forma, que datas como essa não sirvam para alimentar e/ou aumentar a distância entre pessoas com características físicas distintas, mas apenas para ressaltar que houve injustiças no passado (e há no presente) com base em critérios como esse, e que não devemos sustentar o racismo nem favorecer determinados grupos em relação a outros por critérios que não sejam éticos (Romanos 13:7).

E que todos nos tratemos como semelhantes, e amemos uns aos outros como Cristo nos amou, sem acepções de pessoas. Lembrando que essa é nossa única "dívida" com todos:
Não devam nada a ninguém, a não ser o amor de uns pelos outros, pois aquele que ama seu próximo tem cumprido a lei.
(Romanos 13:8)



Que DEUS nos ajude!!



Recomendo também essa leitura: http://goo.gl/gNG4Sh

Obs.: Se alguém que tiver objeções ou acréscimos a esse artigo desejar expô-los e conversar decentemente a respeito, me coloco à disposição, inclusive com a possibilidade de revisar o texto se preciso. ;)