quinta-feira, 12 de novembro de 2015

O que a bíblia diz sobre mistura de raças?? (parte 02 de 02)

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Considerando o que já foi demonstrado na parte 1, se não há raças diferentes dentro da espécie humana, existe algum outro tipo de restrição que a bíblia prescreve para a união entre um homem e uma mulher?? E por que há diferentes grupos humanos com diferentes idiomas e costumes??

Vamos lá..

As descendências da mulher e da serpente

Como já foi dito na primeira parte, todos os humanos descenderam de um único casal. Depois da Queda de Adão e Eva, lemos em Gênesis 3:15 Deus revelando uma distinção entre a descendência da mulher e a descendência da serpente, e mostrando que entre elas sempre haveria inimizade. Esse texto traz consigo uma profecia sobre a vitória de Cristo sobre o diabo, na cruz, mas o que quero destacar em relação ao tema do artigo é essa distinção entre as descendências da mulher e da serpente. Algo que será evidente em toda a Escritura.
Logo no capítulo seguinte, já encontramos o primeiro homicídio.. 
Disse, porém, Caim a seu irmão Abel: "Vamos para o campo". Quando estavam lá, Caim atacou seu irmão Abel e o matou.
(Gênesis 4:8)
Mesmo sendo irmãos sanguíneos, a bíblia deixa muito claro que Abel era justo e Caim maldito:
Pela fé Abel ofereceu a Deus um sacrifício superior ao de Caim. Pela fé ele foi reconhecido como justo, quando Deus aprovou as suas ofertas. Embora esteja morto, por meio da fé ainda fala.
(Hebreus 11:4) 
Porque esta é a mensagem que ouvistes desde o princípio: que nos amemos uns aos outros. Não como Caim, que era do maligno, e matou a seu irmão. E por que causa o matou? Porque as suas obras eram más e as de seu irmão justas.
(1 João 3:11,12)
As obras de ambos eram prova de sua fé ou ausência dela.
Abel, pela fé, foi justificado e suas obras demonstravam essa justiça.
Caim, por ser do diabo, chegou ao extremo de matar o próprio irmão por inveja..

Depois da morte do justo Abel, nasceu Sete que daria continuidade a essa descendência justa (Gênesis 5). Mas da mesma forma houve a disseminação da descendência maligna, provinda de Caim.. E no capítulo 6 lemos que houve a mistura dos "filhos de Deus" com as "filhas dos homens", e pela multiplicação da maldade do homem, Deus enviou um dilúvio como Juízo sobre a humanidade.

Há divergências sobre a interpretação correta quanto ao que significariam os termos "filhos de Deus" e "filhas dos homens", apresentados com um claro contraste e que cuja mistura não é apresentada de forma positiva.. 
As duas interpretações mais comuns são que os filhos de Deus seriam os anjos (e nesse caso o texto estaria fazendo referência a uma mistura proibida entre esses seres e os humanos) ou que o termo se refere à descendência justa (em contraste com a descendência maligna, representada como "filhas dos homens". Ambas visões têm bons argumentos prós e contras, que podem ser vistos detalhadamente aqui (assim como mais 2 interpretações consideradas possíveis):


Porém creio que pela própria ordem lógica do desenvolvimento do livro, a ideia das 2 descendências (justa e maligna) dentro da própria humanidade parece estar sendo continuada, e a consequência dessa mistura seria a perversão dos justos (e da sociedade por consequência)..
Através da leitura do relato do Grande Dilúvio sabemos que somente uma parte dessa descendência foi poupada:
E os filhos de Noé, que da arca saíram, foram Sem, Cão e Jafé; e Cão é o pai de Canaã. Estes três foram os filhos de Noé; e destes se povoou toda a terra.
(Gênesis 9:18,19)
Tendo isso em mente, concluímos que todas as pessoas do nosso mundo são descendentes de Sem, Cão ou Jafé, e obviamente, todas são descendentes de Noé. De Sem surgiram os povos semitas, dos quais se formaria a linhagem de Jesus Cristo. De Cão surgiram os povos que historicamente foram inimigos dos hebreus, no período do Velho Testamento.
Foi essa descendência maligna que intentou edificar uma cidade com uma torre que alcançasse os céus, com o intuito de mostrar seu poder e obter fama. E isso gerou um Juízo de Deus dividindo, os dispersando em diferentes terras e atrapalhando a sua comunicação ao dividir seus idiomas. A unidade dos rebeldes foi quebrada, mas o ser humano não cessa de tentar usurpar a Deus, inclusive se tentando novamente essa unidade em prol desse ideal.. Mas sabemos que pela plena Soberania e Onipotência de Deus, essa unidade maligna nunca surtirá o efeito almejado, por mais que em muitos momentos possa transparecer isso aos que tem seu entendimento cegado pelo pecado.

Em Atos 17:26, lemos o seguinte:
De um só fez Ele todos os povos, para que povoassem toda a terra, tendo determinado os tempos anteriormente estabelecidos e os lugares exatos em que deveriam habitar.
O texto apresenta uma descrição da distinção das pessoas em povos diferentes para habitar toda a terra como sendo algo previamente determinado por Deus. 
O Juízo de Deus faz parte de Seus decretos eternos, assim como a Sua providência. Sendo assim, mesmo sendo um ato de Juízo sobre o ocorrido em Babel, a dispersão atendia desde antes da fundação do mundo o propósito de Deus de povoar toda a terra.

Não há no texto de Atos (e em nenhum outro lugar) uma prescrição de que não poderia haver a mistura de membros de diferentes etnias/"raças"/povos, em qualquer circunstância.
Deus deixou bastante claro muitas vezes que a idolatria dos judeus levaria ao Juízo da parte DEle, mas nunca afirmou que o Seu povo seria punido simplesmente por se misturar com outro. 

Voltando ao livro de Gênesis, nos capítulos posteriores ao evento de Babel (cap.11), essa distinção entre os justos e os inimigos de Deus sempre é evidenciada, inclusive com a clara demonstração de que ela não é determinada exclusivamente por fatores genéticos ou culturais. Quando lemos que mesmo entre irmãos de sangue como Caim e Abel (e até entre gêmeos como Esaú e Jacó) existiu essa distinção, não há como negar que ela tem cunho originalmente espiritual, já mesmo diante de uma mesma ascendência e cultura um era justo e outro não.

Sendo assim, o fator crucial que distingue a descendência justa da descendência maligna é a , que naturalmente dá bons frutos.

A descendência da serpente é composta então das pessoas que estão mortas em seus pecados, escravizadas pelo mal, enquanto que a descendência da mulher é constituída de todos aqueles que foram resgatados dessa condição mediante o novo nascimento e por isso demonstram boas obras como fruto da fé que possuem em Deus.

Essa distinção entre as descendências aparece em muitos textos bíblicos com termos diferentes. Por exemplo, vemos o povo de Deus sendo chamado de ovelhas (Mateus 10:6João 10:25-27), eleitos (Colossenses 3:12, Tito 1:11 Pedro 1:1), filhos de Deus (Romanos 8:16Gálatas 3:26), santos (Filipenses 4:221 Pedro 2:9), entre outros.. A distinção do povo de Deus em relação ao restante da humanidade é inegável..
Um pequeno estudo sobre isso no evangelho de João: 

João Batista não deixou dúvidas sobre a irrelevância da etnia em relação à filiação perante Deus:
Dêem frutos que mostrem o arrependimento. E não comecem a dizer a si mesmos: ‘Abraão é nosso pai’. Pois eu lhes digo que destas pedras Deus pode fazer surgir filhos a Abraão
(Lucas 3:8)
O apóstolo Paulo deixou muito claro, principalmente na carta aos Romanos, que isso não está restrito a qualquer fator genético ou étnico, mas que é pela fé que as pessoas são identificadas como filhas de Deus:
Não pensemos que a palavra de Deus falhou. Pois nem todos os descendentes de Israel são Israel. Nem por serem descendentes de Abraão passaram todos a ser filhos de Abraão. Pelo contrário: "Por meio de Isaque a sua descendência será considerada". Noutras palavras, não são os filhos naturais que são filhos de Deus, mas os filhos da promessa é que são considerados descendência de Abraão.
(Romanos 9:6-8)
Na aliança feita com Abraão, Deus prometeu que através dele seriam abençoados todos os povos da terra (Gênesis 12:3), o que se confirma na salvação de pessoas do mundo todo (e não somente de um povo ou nação específico). O "IDE" ordenado por Cristo (Mateus 28:18-20) é a aplicação dessa disseminação do evangelho para o mundo, para que todos os que ouvirem e crerem (Romanos 10:12-17) sejam resgatados e efetivamente façam parte do povo de Deus.

Dessa forma, na prática, podemos entender que com a Queda todo ser humano é naturalmente membro da descendência da serpente, até que seja resgatado e convertido, se tornando filho adotivo de Deus (Romanos 8:15Efésios 1:5).



Então, tomando por base tudo que foi dito até então, desde a primeira parte do artigo, como entender os textos em que supostamente há proibição do povo hebreu se misturar com outros povos?? 


Casamentos entre judeus e gentios

O rei Salomão amou muitas mulheres estrangeiras, além da filha do faraó. Eram mulheres moabitas, amonitas, edomitas, sidônias e hititasElas eram das nações sobre as quais o Senhor tinha dito aos israelitas: "Vocês não poderão tomar mulheres dentre essas nações, porque elas os farão desviar-se para seguir os seus deuses".
No entanto, Salomão apegou-se amorosamente a elas. Casou com setecentas princesas e trezentas concubinas, e as suas mulheres o levaram a desviar-se.
À medida que Salomão foi envelhecendo, suas mulheres o induziram a voltar-se para outros deuses, e o seu coração já não era totalmente dedicado ao Senhor, o seu Deus, como fora o coração do seu pai Davi
(1 Reis 11:1-4)
Depois que foram feitas essas coisas, os líderes vieram dizer-me: "O povo de Israel, inclusive os sacerdotes e os levitas, não se mantiveram separados dos povos vizinhos e suas práticas repugnantes, como as dos cananeus, dos hititas, dos ferezeus, dos jebuseus, dos amonitas, dos moabitas, dos egípcios e dos amorreusEles e seus filhos se casaram com mulheres daqueles povos e com eles misturaram a descendência santa. E os líderes e os oficiais estão à frente nessa atitude infiel!"
Quando ouvi isso, rasguei a minha túnica e o meu manto, arranquei os cabelos da cabeça e da barba e me sentei estarrecido!
(Esdras 9:1-3)
Algumas pessoas tomam textos como esses para afirmar que Deus proibiu que pessoas de etnias, povos ou nações diferentes se casassem. Alguns defendem que ao menos os judeus não poderiam se misturar com qualquer outro povo, nesse sentido..
Porém não é isso que esse e outros textos nos mostram.

O autor fez questão de pontuar quais eram os povos e mostrar o porquê de não deverem se misturar.. 
Mas qual a relevância de citar aqueles povos ali??

Simples, porque Deus já havia dito que não deveria haver união com aqueles povos específicos:
Obedeça às ordens que hoje lhe dou. Expulsarei de diante de você os amorreus, os cananeus, os hititas, os ferezeus, os heveus e os jebuseus.
Acautele-se para não fazer acordo com aqueles que vivem na terra para a qual você está indo, pois eles se tornariam uma armadilha. Pelo contrário, derrube os altares deles, quebre as suas colunas sagradas e corte os seus postes sagrados. Nunca adore nenhum outro deus, porque o Senhor, cujo nome é Zeloso, é de fato Deus zeloso.

Acautele-se para não fazer acordo com aqueles que já vivem na terra; pois quando eles se prostituírem, seguindo aos seus deuses e lhes oferecerem sacrifícios, convidarão você e poderão levá-lo a comer dos seus sacrifícios e escolher para os seus filhos mulheres dentre as filhas deles. Quando elas se prostituírem, seguindo aos seus deuses, poderão levar os seus filhos a se prostituírem também.
(Êxodo 34:11-16)
Quando o Senhor, o seu Deus, os fizer entrar na terra, para a qual vocês estão indo para dela tomar posse, Ele expulsará de diante de vocês muitas nações: os hititas, os girgaseus, os amorreus, os cananeus, os ferezeus, os heveus e os jebuseus.
São sete nações maiores e mais fortes do que vocês; e quando o Senhor seu Deus as tiver entregue a vocês, e vocês as tiverem derrotado, então vocês as destruirão totalmente. 
Não façam com elas tratado algum, e não tenham piedade delas.
Não se casem com pessoas de lá. Não deem suas filhas aos filhos delas, nem tomem as filhas delas para os seus filhos, pois elas desviariam seus filhos de seguir-me para servir a outros deuses e, por causa disso, a ira do Senhor se acenderia contra vocês e rapidamente os destruiria.

Assim vocês tratarão essas nações: Derrubem os seus altares, quebrem as suas colunas sagradas, cortem os seus postes sagrados e queimem os seus ídolos.
(Deuteronômio 7:1-5)
Os textos são explícitos quanto aos motivos pelos quais não deveria haver união entre os hebreus e aqueles povos, ressaltando que seus costumes e práticas eram abomináveis.
Não era uma proibição arbitrária sem qualquer motivo aparente, pelo contrário, Deus os proibiu até de fazerem acordos com eles devido a aqueles povos já terem extrapolado os limites da iniquidade, e com isso desviariam os hebreus da Lei de Deus.

Quando Deus informou a Abrão sobre o futuro que sua descendência encararia, já demonstrou que aquela terra seria deles quando fosse atingido o limite da maldade dos povos que habitavam nela até então. 
Então o Senhor lhe disse:
"Saiba que os seus descendentes serão estrangeiros numa terra que não lhes pertencerá, onde também serão escravizados e oprimidos por quatrocentos anos. Mas eu castigarei a nação a quem servirão como escravos e, depois de tudo, sairão com muitos bens. Você, porém, irá em paz a seus antepassados e será sepultado em boa velhice. Na quarta geração, os seus descendentes voltarão para cá, porque a maldade dos amorreus ainda não atingiu a medida completa".
(Gênesis 15:13-16)
Ou seja, até aquele momento eles não tinham ultrapassado esse limite, mas Deus estava revelando a Abrão que isso ocorreria, e portanto a tomada da terra (e o consequente extermínio) era Seu Juízo sendo aplicado através dos hebreus..
Isso veio a aconteceu séculos depois, o que levou Moisés a registrar:
Depois que o Senhor, o seu Deus, os tiver expulsado da presença de você, não diga a si mesmo: "O Senhor nos trouxe aqui para tomarmos posse desta terra por causa da nossa justiça". 
Não! É devido à impiedade destas nações que o Senhor vai expulsá-las da presença de você. Não é por causa de sua justiça ou de sua retidão que você conquistará a terra deles. Mas é por causa da maldade destas nações que o Senhor, o seu Deus, as expulsará de diante de você, para cumprir a palavra que o Senhor prometeu, sob juramento, aos seus antepassados, Abraão, Isaque e Jacó.
(Deuteronômio 9:4,5)
Os hebreus foram instrumentos para o Juízo de Deus sobre aqueles povos, por isso mesmo não deveria haver aproximação.

Outra prova de que não existe proibição generalizada da união de gentios e judeus, foi o fato de que Deus providenciou que na própria genealogia de Jesus Cristo houvesse a inclusão das estrangeiras Raabe e Rute (Mateus 1). 

Lembrando que conforme a Lei de Deus, os hebreus deviam amar os estrangeiros com empatia (Levítico 19:34Deuteronômio 10:19). Além disso, esses estrangeiros poderiam "se naturalizar" judeus ao se colocarem debaixo da Lei e sendo inseridos então na Aliança (Êxodo 12:48-49).

Mas e hoje?? Haveria algum tipo de restrição para união para o povo de Deus??

O jugo desigual

Não se ponham em jugo desigual com descrentes. Pois o que têm em comum a justiça e a maldade? Ou que comunhão pode ter a luz com as trevas? Que harmonia entre Cristo e Belial? Que há de comum entre o crente e o descrente?
(2 Coríntios 6:14,15)

"Jugo" é o nome dado àquela peça de madeira que é colocada sobre dois animais para que possam puxar a carroça, o arado, etc.

Sendo assim o que o apóstolo sugere é que por crentes e descrentes não estarem "em equivalência", o jugo será desigual, pois exigirá mais esforço de um lado do que do outro.
Muitos veem essa ideia como extremismo até em relação ao casamento (entre crentes e descrentes), mas o apóstolo está sendo ainda mais 'generalizante', pois não restringe essa comunhão ao laço matrimonial. Ele está nos alertando que a base moral eterna de um crente genuíno transformado por Deus é muito superior à de um descrente, que não tem onde se apoiar, a não ser em si mesmo ou algum tipo de ídolo que cria para si. O descrente está em trevas, não visa glorificar a Deus em seus atos, por isso nunca O agrada (Hebreus 11:6).

Se nos voltarmos então para o casamento, como uma pessoa pode almejar ter um casamento que glorifica a Deus, se uma das partes sequer reconhece esse Deus, e por isso mesmo não firmará um compromisso de cumprir seu papel de cabeça (marido) ou de auxiliadora (esposa)??
Em situações de dificuldades ou mesmo de gratidão, poderão agir em unidade buscando a mesma fonte?? Será que o crente não corre o risco de ser corrompido e buscar auxílio nas fontes erradas às quais o incrédulo está familiarizado (assim como ocorreu com os judeus que se uniram com pagãos)??

Certamente há casos de casamentos "mistos" em que a parte descrente vem a ser salva depois pela misericórdia de Deus, mas ninguém pode negar que até que isso viesse acontecer o crente teve que lidar com o jugo desigual, e portanto sendo atrapalhado e não auxiliado pelo seu cônjuge na caminhada cristã, espiritualmente falando.

No capítulo 7 da primeira carta aos Coríntios, o apóstolo Paulo dá muitas instruções sobre o casamento, tanto em relação ao comportamento dos cônjuges como em relação a condições em que ele pode ser consumado. Em relação ao tema do artigo, separo algumas delas:
O marido deve cumprir os seus deveres conjugais para com a sua mulher, e da mesma forma a mulher para com o seu marido.

A mulher não tem autoridade sobre o seu próprio corpo, mas sim o marido. Da mesma forma, o marido não tem autoridade sobre o seu próprio corpo, mas sim a mulher.

Não se recusem um ao outro, exceto por mútuo consentimento e durante certo tempo, para se dedicarem à oração. Depois, unam-se de novo, para que Satanás não os tente por não terem domínio próprio.
(1 Coríntios 7:3-5)
A mulher está ligada a seu marido enquanto ele viver. Mas, se o seu marido morrer, ela estará livre para se casar com quem quiser, contanto que ele pertença ao Senhor.
(1 Coríntios 7:39)


Nesses dois trechos, Paulo trata respectivamente do comportamento dos cônjuges dentro do casamento e da liberdade da pessoa viúva em se casar com outra pessoa. Em ambos casos há um ponto comum que grifei, sendo que no primeiro caso aparece descritivamente e no segundo caso prescritivamente: a fé em Deus.
Quando ele diz que o casal só deve se abster de suas obrigações sexuais (pois devem visar satisfazer um ao outro nessa área) para se dedicarem à oração, fica óbvio que ele se refere a um casal de crentes, pois o descrente não se dedicaria a esse ato de fé em comunhão com o crente.
No caso da viúva, fica ainda mais claro quando ele restringe a liberdade do novo casamento à condição de 'ser no Senhor'. Crente só deve se casar com crente.

Mas e nos casos em que a pessoa já casada se converte??
Paulo também deixou isso muito claro:
Aos outros eu mesmo digo isto, e não o Senhor: se um irmão tem mulher descrente, e ela se dispõe a viver com ele, não se divorcie dela.E, se uma mulher tem marido descrente, e ele se dispõe a viver com ela, não se divorcie dele.Pois o marido descrente é santificado por meio da mulher, e a mulher descrente é santificada por meio do marido. Se assim não fosse, seus filhos seriam impuros, mas agora são santos.Todavia, se o descrente separar-se, que se separe. Em tais casos, o irmão ou a irmã não fica debaixo de servidão; Deus nos chamou para vivermos em paz.Você, mulher, como sabe se salvará seu marido? Ou você, marido, como sabe se salvará sua mulher?
(1 Coríntios 7:12-16)


O pedido de divórcio nunca deverá partir do crente (a não ser quando for vítima de imoralidade sexual: Mateus 19:9). E mesmo que não haja garantia de uma futura conversão do seu cônjuge descrente, ele pode e deve nutrir essa esperança orando e dando bom testemunho.


Para finalizar, afirmo que diferenças regionais relativas a culturas, idiomas e até climas podem trazer grandes dificuldades na união de um casal (ou até mesmo entre amigos, parceiros, etc.) que venha de contextos muito distintos, mas biblicamente não há base para se dizer que esses fatores sejam absolutamente determinantes para que se taxe tal união (entre crentes em Deus) como pecaminosa se os hábitos de ambos estão sujeitos aos princípios bíblicos.


CONCLUSÃO

A bíblia nos mostra que a humanidade é separada entre os filhos de Deus e os filhos do diabo (João 8:42-47), e que a união entre essas "raças" é proibida por Deus. Quaisquer tentativas de se apresentar qualquer união como pecaminosa quando apresenta determinadas divergências de cunho genético, étnico ou social de uma forma geral, não são embasadas na bíblia e são contraditórias a ela.


Que Deus abençoe a todos!!